Acabo de saber que o presidente do Senado, Renan Calheiros, prometeu devolver aos cofres públicos o dinheiro equivalente ao uso do "aviãozinho da alegria" para uma festa de casamento na Bahia. O mesmo ocorreu com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, que deu carona a parentes e amigos para se deliciar com a farra do boi domingo passado no Maracanã, também voando com um jatinho da FAB.

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No meu tempo de menino, usava-se um bordão no jogo de bolinhas de gude: "boas de volta". Significava a devolução de todas as bolas que o adversário havia ganhado até então, depois de uma jogada genial daquele que estava perdendo. Tudo estava dentro das regras do jogo, e o xeque-mate era um lance onde se estilhaçava a bolinha do outro e ganhando a partida. Era o orgasmo do vencedor, sem demérito ao vencido. Não havia necessidade de denúncias na imprensa, protestos ou brigas de rua.

Hoje, para devolver as "bolinhas", não é tão fácil assim. Só em momentos como este, onde a chapa está quente e a chaleira borbulha, é que pensam duas vezes para não queimar as mãos. Pior do que o campo político é o poder no futebol. No máximo um ou outro cartola abandona o cargo, se manda para Miami, mas não devolve nem os cacos da bolinha. Ou, se fica, sorri com simpatia para a mídia chapa-branca, e alonga o músculo financeiro para os afilhados.

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Hoje o campeonato volta recheado de ótimos estádios, mas de pouca atração. Muitos dirigentes batem cabeça para indexar o preço dos ingressos dentro de uma possível nova realidade. Tudo está relacionado ao aqui e agora. Ao imediato. Não há mais trabalho de médio prazo. Maior garimpo a céu aberto do mundo, nossas categorias de base ficam expostas a amadores ou mercenários, como em Serra Pelada. Com exceções, é bem verdade, porém raras. O declínio brasileiro no "sub qualquer coisa" é visível. O inverso ocorre na Europa, no Japão e no México, onde é rigorosa a seleção de técnicos na base. Por isso lamentei as saídas de Ney Franco e Marquinhos dos Santos, dois profissionais sérios e talentosos que ancoravam a base na CBF. Apesar de tudo, sou otimista e espero que o apetite insaciável do redemoinho que obriga os políticos a devolver o que subtraíram, devaste clubes, empresários, federações e confederações com a mesma energia. E boas de volta.

A luta continua

Depois de Atlético e Grêmio aqui na Vila Capanema, e de Flamengo e Coritiba em Brasília, vamos assistir hoje a Anderson Silva em Las Vegas. Revendo dias desses vários combates do nosso "Spider" – um misto de viúva negra com aranha-marrom – o curitibano está entre os maiores atletas de vários esportes e que tive a oportunidade de ver ao vivo. Coloco o lutador entre lendas como Pelé, Javier Sottomayor, Usain Bolt, Carl Lewis e Michael Jordan. Nem o frio siberiano da nossa cidade vai me tirar da telinha nesta noite.