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Opinar sobre o Atletiba de amanhã sem cair no lu­­gar-comum é meio complicado. O truque metafórico às vezes até ajuda um pouco, mas mesmo assim a originalidade não flui. Quase um beco sem saída para uma sexta-feira com o deadline se aproximando. Aliás, tem sido um im­­passe para o colunista, no universo da bola, buscar um tema novo para um velho conhecido de todos.

Sem alternativas, respiro fundo, engulo seco e conto com a sorte. Abro meu baú esportivo e encontro uma foto do ex-coritibano Dirceu com a camisa da seleção. Olha aí, pensei, este foi "o cara". Sim, Dirceu foi uma faísca, um raio que brilhou e transcendeu ao aqui e agora. Foi uma espécie de cometa da bola. E no Atlé­­tico, quem é ele? Caju e Sicu­­pira, por exemplo, são estrelas rubro-negras tão marcantes quanto foram Fedato e Hidalgo, e que salpicam, como outros, o céu alviverde. O que busco, no entanto, não é o astro ou a estrela, mas sim o cometa atleticano. Aquele que, como Dirceuzinho, nasceu, cresceu e partiu em descomunal velocidade por este mundo.

Aí encontro Kléberson, ou­­tra vez alinhado na rota da Bai­­xada. É o perfil exato de quem procurava. Se Dirceu se enquadra na periodicidade orbital como "extinto", Klé­­ber­­son é o cometa periódico, que volta à vi­­zinhança, podendo ser visto outras vezes.

Interessante, nenhum dos dois pode ser considerado estrela, até porque no espaço sideral do futebol, estas são duradouras, eles não. Mas no deslocamento luminoso deste mundo louco da bola, ambos são inigualáveis. A beleza deles não está no vapt-vupt da saída, mas do alcance quase instantâneo na chegada cósmica.

Dirceu, num piscar de olhos sai do Coritiba e orbita pelos grandes clubes do Rio, México, Madri, Napoli... seleção brasileira. Três Mundiais, uma Olim­­píada, eleito o terceiro melhor do mundo na Copa de 1978.

Kléberson recebe a luz em Uraí e transita pela rota espacial do PSTC, Atlético, atravessa o globo terrestre e ilumina Yokohama, com uma atuação brilhante no dia do pentacampeonato.

Kléberson e Dirceu são os cometas da bola. Nem estrelas – fixas e eternas; nem meteoritos – pequenos e sem brilho. Talvez eles sejam, no mundo dos astros, os mais misteriosos, e também os mais traquinos. E assim como os cometas, seguramente frustram e entristecem aqueles que perdem a ocasião ímpar de contemplá-los.

Quem não assistiu a Dirceu, pode ver amanhã o cometa Klé­­ber­­son. A olho nu, desde que do Alto da Glória.

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