A filosofia implantada pelo Coritiba, e que resulta na boa campanha que faz, é um ato de coragem. Optou por um comando caseiro. Corajoso também é seu jovem treinador que, sem a genialidade de Alex, fez uma baita mudança estratégica e ganhou o jogo lá nos pampas. O Grêmio ficou de bota e cuia na cozinha, temendo a Deivid e Geraldo. E Lincoln, iluminado, ofuscou a gurizada de Renato Gaúcho, perdida no meio de campo. Foi um planejamento muito bem executado.
Mancini teve a coragem de reconduzir Paulo Baier, colocar Marcelo e de fixar Luiz Alberto. A defesa rubro-negra ganhou segurança, o meio de campo inteligência, e o ataque encorpou. O Atlético tem hoje cara e coragem e deu um salto quádruplo (opa, pode nascer uma nova modalidade no salto em distância...), ganhando 12 pontos seguidos. Entrou na reta para disputar medalha.
A coragem do treinador do Paraná Clube está no revezamento que executa sem medo de melindrar ninguém. Criou com isso um banco participativo e solidário, sem falsas aparências. Não sei se surpreende hoje o Palmeiras, mas pode. Está no caminho certo e focado no pódio da elite.
A coragem é uma virtude preciosa, talvez a mais importante de todas, porque é a qualidade que garante as demais. Ao mesmo tempo, porém, tem seu preço, que é o ódio e a vingança. Quem assistiu "Hannah Arendt", filme que retrata um momento jornalístico da vida da filósofa política que cobriu o julgamento de Adolf Eichmann, entende a extensão do que penso.
Aliás, para quem não assistiu, Hannah observa que o nazista renunciou a pensar e essa era a raiz de sua desumanização. Por pensar diferente mesmo daqueles com quem compartilhava as dores mais profundas provocadas , essa mulher duramente contestada na época dos anos 1960, se tornou uma das mais influentes pensadoras do século passado.
Gosto muito das pessoas corajosas. Aírton Cordeiro, velho amigo e também colunista aqui da Gazeta do Povo, é um exemplo de coragem. A coragem e o talento verbal do querido companheiro incomodaram algumas pessoas que se enquadram na tese de Hannah Arendt: a banalidade do mal. Sentenciaram-no e quiseram esquartejá-lo pelas redes sociais. Não conseguiram. A solidariedade dos amigos e a força interior do guerreiro Aírton pulsaram com maior intensidade. O que já era de se esperar. A coragem é um tema fascinante.
Congratulações e aplausos
Foi gratificante o ato da Câmara Municipal de Curitiba de homenagear alguns dos mais antigos comunicadores esportivos do estado, dentre os quais fui incluído. Muito bom também reencontrar velhos amigos de rádio. A sensibilidade do vereador Jairo Marcelino, autor do requerimento, massageou o ego de todos nós. Nosso fraternal agradecimento.