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O fato de Sophia Loren estar completando 80 anos hoje, talvez pouco significasse para mim, não fosse a lembrança de um filme marcante que assisti no cine Ópera (ou Avenida), não sei ao certo, chamado "Duas Mulheres".

A história se passa na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial, e Sophia Loren faz o papel de uma viúva que tem uma filha adolescente. Elas fogem de Roma para uma cidadezinha qualquer, para sobreviver ao bombardeio dos Aliados. No drama, a viúva conhece um intelectual – interpretado pelo ídolo do cinema francês da época, Jean-Paul Belmondo –, que acaba sendo assassinado pelos nazistas. Não me lembro de muitos detalhes do filme, mas a história é dramática, sendo mãe e filha estupradas por um soldado, e a coisa se desenrola de forma tensa até o final. Só sei que pelo desempenho notável, Sophia ganhou o Oscar de melhor atriz.

Esse filme mexeu com os movimentos feministas que borbulhavam na Europa, Estados Unidos, um pouco no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro. As mulheres se encorajavam em todas as áreas e partiam para a luta. No jornalismo esportivo, e no desporto em si, pude testemunhar situações que me marcaram. Uma delas com a nossa tenista Gisele Miró, ao responder com uma ‘raquetada moral’, à tentativa imoral de um membro da comissão técnica, durante o Pan de Havana, em 1991. Com altivez, Miró abandonou a delegação brasileira e cravou um match point revolucionário perante o Comitê Olímpico.

A outra envolveu Cristina Cubero, uma colega do "Mundo Deportivo", de Barcelona, durante a Copa das Confederações de 1997, em Riad. Cristina era a única mulher jornalista, entre quarenta e tantos marmanjos que cobriam o evento. Na Arábia Saudita, onde mulher não pode ir aos estádios de futebol, os seguidores do rei Abdullah quiseram vetar a entrada da espanhola nos jogos. Não conseguiram. A Fifa interveio, o rei recuou e a jornalista cobriu todas as partidas.

São exemplos de mulheres fortes. Determinadas. Está faltando uma pitada de sensibilidade masculina para entender, conviver e aprender com o feminino. O segmento do futebol, por exemplo, está restrito nos dias de hoje a psicólogas, nutricionistas e assessoras de imprensa. Penso que deve haver um avanço sim, para a área técnica das equipes. Há situações de crises, perdas, adversidades, em que a mulher tem uma força de superação que vai além, enquanto no futebol se lida com isso a cada dia.

Em regra, as mulheres se completam atuando em dupla, como Maria Helena e Heleninha, que dirigiram a melhor seleção brasileira de basquete. É o caso atual da francesa Corine Diacre, a primeira mulher a dirigir um time de profissional masculino. Se ela ajustar uma dobradinha, será protagonista de um novo filme na história do futebol mundial.

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