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Queria falar dos nossos times, até porque no meio da semana o Paraná Clube reacendeu as chamas, o Coritiba reencontrou o caminho e o Atlético de Guerrón foi soberbo. Mas a história e o centenário do Santos e a Arena da Baixada não me permitem.

O Santos que completa hoje 100 anos foi o melhor time do mundo entre 1957 e 1970, período de erupção no futebol brasileiro. Extrapolou todas as marcas, todos os recordes e todos os adjetivos. Ninguém foi igual a ele. O poderoso Real Madrid da época e o Barcelona de hoje, e que todos nós admiramos, são clubes estruturados para formar equipes marcantes. E marcaram. O Santos daquela época não planejou nada. O Santos surgiu. O Santos foi um sopro dos deuses do futebol. Nunca foi um clube rico, mas era dono de uma imensidão de craques que jogava com alegria. E todos queriam se divertir na Vila.

Até nas poucas derrotas surpreendia, sendo algumas vezes goleado. Como se fosse o imprevisto promovendo o encanto na desgraça. Certa vez tomou de seis do Cruzeiro numa das finais da Taça Brasil, assim como mandou um 5 a 0 no Botafogo de Garrincha dentro do Maracanã. Massacrou o Racing de 8 a 3 em Buenos Aires, fez 6 a 5 na seleção da Polônia e chegou ao incrível 7 a 6 contra o Palmeiras, num jogo onde cinco torcedores morreram de infarto (naquela época torcedores morriam de emoção. Hoje...). Foram inúmeras as partidas antológicas, porém a melhor de todos os tempos aconteceu em Lisboa, quando aplicou uma surra no Benfica (5x2), ganhando o título mundial de clubes.

O Santos que acompanhei algumas vezes durante os anos dourados era uma combinação de Mike Tyson com Mohamed Ali – um time agressivo, massacrante e insaciável, mas sem perder a classe e a elegância. Foi também o Santos dos anos rebeldes que refletia o improviso de Jimmy Hendrix e a coragem Martin Luther King. O Santos, meus amigos, foi o melhor de todos em todos os tempos. O Santos esbanjava futebol. Parabéns pelo centenário, e obrigado por vê-lo jogar!

Passarela

Não quero entrar no mérito jurídico, político ou técnico sobre a polêmica construção da Nova Arena. Até porque mais confunde do que esclarece. Pelo enfoque clubístico então, nem falar. É uma estupidez. Mas pensa bem na metamorfose que aconteceu do "Joaquim Américo" para a Arena, tendo como pano de fundo uma rápida passagem pelo "Puxadinho do Farinhaque". Que salto! Que estádio! O mais moderno do país. Pago sem a engenharia financeira de hoje. Propagado na mídia nacional. O primeiro a adotar o naming rights (Kyocera Arena) no Brasil. Foi assim que nasceu a robusta menina dos olhos dos atleticanos e de todos os paranaenses.

Pois é, mas passam-se apenas doze anos e a Arena da Baixada está na mesa de cirurgia plástica. Uma "velha" menina de doze anos. Linda, saudável, amada... Não precisava passar por tudo isso. As tais "metas verdes" – construção sustentável das novas arenas de futebol – é uma sugestão da promoter FIFA. Ninguém é obrigado a mudar a cara quando é dono do próprio nariz. Exceto se for picado pela mosca azul de A Pequena Miss Sunshine. O que pode ser um esbanjamento ou desperdício.

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