Johannesburgo - Depois de amanhã começa a Copa neste borbulhante continente africano. A pergunta repetitiva é se o Brasil será campeão, se Kaká aguenta e se Dunga tem razão. Penso que nem mesmo os bruxos se atreverão a responder.

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Prefiro não profetizar e sim refletir sobre algumas evidências. Nos treinos e amistosos por aqui, sinto uma carência de jogadores canhotos no time. Entre os titulares, são apenas dois: Michel Bastos e Gilberto (seu reserva), e um ou outro ambidestro como Juan e Luís Fabiano.

Imagine o contrário, uma seleção brasileira com dez canhotos e um destro. Não seria estranho? Em todos os títulos ganhos, tivemos no mínimo dois canhotos titulares. Zagallo, Nilton Santos, Amarildo, Bran­­co, Zinho, Rivaldo, Roberto Carlos, entre outros. Sem falar de Tostão, Gerson e Rivelino, na Copa do México.

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Gerson dizia que ser canhoto no futebol requer mais inteligência por fazer tudo na contramão. Tem de pensar e ser mais rápido. É como nós aqui dirigindo na "mão inglesa" e entrando em uma rotatória. Dizer que os canhotos são mais inteligentes do que os destros é lenda, mas também não dá para negar Einstein, Ayrton Senna ou Jimmy Hendrix, gênios da esquerda.

No esporte, a vantagem do canhoto é que ele confunde o outro. No tênis, por exemplo, o efeito do saque de esquerda joga a bola para a backhand do destro, dificultando a devolução. Caso de Navratilova, McEn­roe e outros. Como os cruzados de Mohamed Ali ou os dribles de Maradona e Denílson quando caíam pela direita. É imprevisível.

Ganso seria o cara, disparado. Não só pelo talento, mas pelo equilíbrio que daria para esta formação manca, muito destra, da seleção. Rebobinando o filme, imagino que Carlos "Dunga" Ferri não simpatiza com a esquerda e se posta com a nobreza à di­­reita do rei. Ganso e outros canhotos, como membros do 3.º estado, estão do outro lado de Sua Majestade.

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