Da saída do Centro de Convenções de Sandton, onde foi aberta a "Casa do Brasil" até o Ellis Park, gastamos duas horas dentro do carro. Nem o GPS aliviou a barra em 12 km de trânsito maluco, festivo e lento.
Os sul-africanos parecem enlouquecidos, e as cores semelhantes às nossas incorporam neles uma sensação de brasilidade. Os Bafana Bafana queriam participar do encanto, da ginga e da magia do nosso futebol. Não dá. Não temos nem para consumo próprio. Está em falta no mercado nacional. Dunga não quer. E hoje ele é quem manda.
Começa a escurecer e a temperatura cai bastante. Já estamos no Ellis Park. O frio dói nos ossos e por instantes esqueço que o Brasil faz daqui a pouco sua estreia na Copa do Mundo. Mais parece que estou vivenciando as antigas e geladas festas juninas nas Mercês. Mas sem o calor de um bom quentão para erguer a temperatura.
Nosso local no estádio é coberto, mas arejado. Seria confortável sob o sol de Johannesburgo. De noite, com uma baita lua nova de junho, a temperatura despenca abruptamente. E sem parar. É quase impossível raciocinar, que dirá então dedilhar sentado na tribuna de imprensa. Com luvas, não dá; sem elas, é dolorido demais. Este clima lembra o inverno curitibano dos anos 50/60. Mas o bom astral me faz crer que a festa vai esquentar. Depende muito da turma que entra no meio do arraial sul-africano.
A fogueira demora para acender. Os voluntários trazem água e refrigerante, quando o que queremos é algo para nos aquecer. A meu lado, nosso colunista Tostão parece um caçador siberiano, protegido por agasalhos tantos que poucos o reconhecem. Brincava o tricampeão: vocês de Curitiba não estão nem aí com este friozinho! Bom se fosse, penso. Mas não digo nada. Os lábios congelaram.
O estádio pede mais lenha, o tablado é perfeito para bailar. Balão não pode, não. O público quer então show pirotécnico, quadrilha... algo para animar. Foi aí, finalmente, que luziu a estrela de Robinho, ziguezagueando como buscapé, e abrindo a guarda vermelha. O resultado foi uma bomba de Maicon e um traque sutil de Elano. Mas como toda festa junina, por descuido, uma brasa queimou as mãos de um inocente: Júlio César.
PCC: corrupção policial por organizações mafiosas é a ponta do iceberg de infiltração no Estado
Festa de Motta reúne governo e oposição, com forró, rapadura, Eduardo Cunha e Wesley Batista
Davi Alcolumbre rejeita anistia ao 8 de Janeiro: “Não vai pacificar o Brasil”
“Elites políticas europeias vão ‘abanar o rabo’ para Trump”, diz Putin
Deixe sua opinião