O Atlético comemorou 90 anos no meio da semana, e depois de amanhã, não podemos esquecer, choramos o cinquentenário do golpe militar de 64. O que há de comum, ou de diferente, entre essas datas? Bem, a história do Atlético foi marcada por duas grandes revoluções: a primeira de Jofre Cabral e Silva, em 1967, rasgando a vulnerável "constituição" de José Milani, telite do futebol e formou um timaço. A outra foi na década de 80, com a Retaguarda rubro-negra reorganizando o clube. Plantou-se com essas revoluções, o que hoje está sendo colhido. Foram golpes limpos, sagrados e técnicos: um ippon de Jofre – maior presidente da história do clube – seguido do waza-ari de Valmor e companheiros de luta.

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Já o desastrado 31 de março, a maioria sabe, foi um golpe baixo, executado pela força oportunista. Censurou, torturou e matou durante anos, até se tornar réu confesso nos dias de hoje. Aliás, bem simbolizado pelo recente depoimento do coronel Paulo Malhães, um dos verdugos da ditadura, perante a Comissão da Verdade. A diferença entre revolução e golpe é grande.

Coisa boa: hoje é dia de festa. Dia de bolo. Curitiba assopra centenas de velas e procura apagar a imagem de cidade autofágica. Creio que não há mais espaço para este tipo de atraso mental. Penso que até o nosso Dalton Trevisan, com sua arte impiedosa (mas não desumana), deva torcer para que haja uma considerável mudança de comportamento nesse sentido.

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Aliás, como "De Trevis", curitibanos especiais, nascidos ou aqui adotados, escreveram suas histórias marcadas pela genialidade. Posso falar de quem eu conheci, como Leminski, Jaime Sunyê Neto, Sylvio Back, Juarez Machado, entre tantos. Curitiba tem mais é que agradecer a eles.

Cada vela do bolo representa alguém que, com muito talento, iluminou de alguma forma o nome da cidade em um canto qualquer do planeta. No mundo da bola, Emanuel, melhor do mundo no Vôlei de Praia; Dirceuzinho, três Copas do Mundo; e Kleberson e Ricardinho, campeões mundiais de 2002, são pedras preciosas saídas da Capital Ecológica para o livro de ouro do esporte mundial.

Curitiba é bom exemplo para tanta coisa – famosa pelas suas inovações urbanísticas, pela expressiva metragem de área verde por habitante, etc. No futebol, porém, virou notícia mundial pelo vandalismo nos episódios do Couto Pereira, em 2009, e de Atlético e Vasco no ano passado, e algumas atitudes inconvenientes de bastidores. Sem bairrismo ou ufanismo barato, tenho consciência de que podemos melhorar.

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