Emanuel Rego, um curitibano que queria ser jogador de futsal, virou estátua em Roma. Foi uma homenagem prestada antes de ontem pela Federação Internacional, para os melhores jogadores de vôlei de praia de todos os tempos: o nosso Emanuel e a norte-americana Walsh. Justo. Inquestionável.
Lembro-me do primeiro contato que tive com este atleta. Foi numa entrevista para a televisão na qual trabalhava, creio que no início dos anos 90. Ouvindo suas respostas, percebi que havia nele um diferencial em relação ao jogador comum. Espiritualizado, humano, simples, Emanuel somava a essas virtudes uma determinação muito clara.
Depois disso, devido a tantas viagens muito mais dele do que minhas encontramo-nos apenas em Olimpíadas. Até por que o foco principal da Gazeta do Povo nessas coberturas, sempre esteve voltado para os atletas paranaenses. Assim foi em Atlanta, Sydney, Atenas e Pequim. Mantendo sempre a mesma humildade, a cada encontro o atleta queria saber de Curitiba e do seu clube de coração, o Atlético.
Bem, agora Emanuel chegou ao topo. Escolhido como o Atleta da Última Década do Século, numa votação da FIBV, é ele, hoje, o maior vencedor do Circuito Mundial de Vôlei de Praia. Foi nove vezes campeão do circuito mundial e bi do campeonato mundial. De sobra, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas e bronze em Pequim.
Pois é. Ontem, assistindo pela televisão a uma entrevista do Gustavo Kuerten, fiquei impressionado por aquilo que ele representa para o seu estado. Diferente daqui, Guga é uma referência para os catarinenses.
Nossos vizinhos se orgulham de ter o melhor tenista brasileiro como uma espécie de produto de marketing regional. Existe neles uma gratidão louvável pelo ex-atleta. Impressionante.
Voltando ao Emanuel, marcou muito também um gesto de dignidade que teve nas Olimpíadas de Atenas. Depois do episódio daquele desvairado padre irlandês, agarrando o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima (que liderava a prova), Emanuel ofereceu sua própria medalha de ouro para o conterrâneo paranaense. Emocionado, Vanderlei agradeceu, mas não aceitou.
Será que um gesto de carinho mais contundente, uma forma enfim de eternizar pessoas tão especiais como Emanuel, Vanderlei e outros , que nada pedem e só oferecem, não seria uma forma de o estado do Paraná resgatar sua dívida de gratidão?
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