A diretoria do Paraná ga­­nhou pontos ao re­­patriar seu maior ídolo – e está de parabéns. Ricardinho volta para o lu­­gar onde o abecedário do fu­­te­­bol lhe foi facilitado. Onde as quadras (Vila Guaíra), as escolinhas (Vila Olímpica) e o campo (Vila Capanema), lhe deram ré­­gua e compasso para arquitetar sua incrível visão de jogo.

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O Paraná deu a ele um berço aconchegante, fez o teste do pe­­zinho, ensinou os primeiros passos... A partir daí, ao sair do clube, o mundo da bola foi ro­­dando nas traves de suas chuteiras, até esta parada final e vitoriosa.

Acabo de acompanhar pelo site da Gazeta do Povo sua primeira entrevista coletiva. Ri­­car­­dinho mandou bem, o que não é novidade. Demonstrou ao mesmo tempo serenidade e vi­­gor, mesmo diante de um cenário atual macambúzio e de um quadro sem brilho e sem moldura. Diga-se, muito diferente do oásis vivenciado por ele nos anos dourados da última década.

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A postura do novo treinador neste retorno foi de poder e otimismo, porém sem falsas ilusões. Tudo faz crer que terá a li­­berdade para agir de forma mais abrangente do que um mero técnico de futebol. Ri­­car­­dinho terá status de manager, em­­bora não confirme isso.

Torcedores e diretoria estão cientes de que Ricardinho tem todos os predicados para ser um grande técnico: é comunicativo, exerce uma liderança na­­ta, e agora soma um know-how invejável. Terá apoio in­­condicional. Disse, com sabedoria, que o Paraná Clube é for­­mador, e não consumidor. Bingo! É justo por aí que o clube equilibra sua balança fi­­nan­­ceira.

Por outro lado, entendo que mesmo sendo ídolo, o cargo de treinador, por si só, é um risco diante de uma cultura esportiva como a nossa. Ainda que respaldado à prova de bala – e com Ricardinho não será diferente – a figura do técnico torna-se uma película frágil ali no banco de comando.

No começo, haverá tolerância e ouvirá aplausos até mesmo nas eventuais derrotas. Com o passar do tempo, porém, como todos os que por ali passaram, será alvo da malcriada turma do amendoim.

É bom lembrar que Falcão vol­­tou ao Internacional para ser um técnico à lá Ferguson, mas queimou o filme num piscar de olhos. Enquanto isso, Ro­­berto Dinamite, ao receber a he­­rança maldita de Eurico Mi­­randa, teve grandes dificuldades, não ganhou nada nos primeiros anos, mas hoje é unanimidade no Vasco da Gama.

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Desde que atravesse esta corda (sem rede embaixo), arrisco profetizar que a simples volta às origens, possa credenciar es­­te pentacampeão mundial, e maior referência na história do Paraná, a um terceiro passo dentro do clube, que seria o cargo de presidente, quiçá, remunerado. Por que não?