O frio durante esta semana foi intenso. Tudo bem, e daí? Nascemos preparados para conviver com a variação de temperatura. Mas quando o termômetro altera, as pessoas se entreolham com ar de espanto. Como se o universo estivesse nos açoitando. Nada disso. Nós é que não estamos preparados para conviver com o previsto e muito menos com o imprevisto. Calma! Serenidade e bola pra frente. Há tarefas muito mais importantes do que o clima da região.

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Bem, o alarde midiático da semana – além do frio – tem sido a visita do papa. No futebol, as manchetes começaram com Alex e a bela atuação contra o Santos no domingo passado. Unanimidade no país, Alex puxou a fila dos chamados velhinhos virtuosos. A percepção para o fato foi lenta e de repente os discursos foram unificados. Nenhuma surpresa. Outro destaque da chamada grande mídia que respira futebol, foi o ato de fé incondicional no "sim, eu acredito" antes, durante e após a conquista do Atlético lá das Minas Gerais. Aliás, o grito expresso pela torcida do Galo caiu bem e sem custos de direitos autorais... Também cri e torci pelo êxito de Carlinhos Neves e de Cuca, profissionais de respeito, e também pelo clube de melhor campanha no torneio. Foi uma Libertadores ganha ao velho estilo argentino, com sangue, suor, sorte e merecimento.

Quem preencheu mais espaços com pautas extra-futebol foi o papa Francisco. O ilustre torcedor do San Lorenzo deu um show de carisma e simplicidade. Vaticano à parte – um estado poderoso independente da religião e linha que venha adotar com o novo pontífice, provavelmente conservadora – o argentino mostrou que o ser humano pode e deve vir antes da entidade que representa. Bergoglio é aquilo que é, não o que a entidade lhe concede, até de direito. O jornalismo tem um lado gratificante que é o contato com um mundo eclético de pessoas. No meu caso, além do esporte tive a felicidade de transitar por as mais diversas áreas, entrevistando, trabalhando e conhecendo pessoas maravilhosas. Como disse certa vez Bob Marley, "os homens pensam que possuem uma mente, mas é a mente que os possui. Há pessoas que amam o poder, e outras que têm o poder de amar".

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O lado humano de João Saldanha, com quem convivi pouco, marcou bastante. A simplicidade de ídolos como Sérgio Endrigo, Agostinho dos Santos e Johnny Mathis, tocou muito. A gentileza e paciência de Pelé, pouco depois do primeiro título mundial, no auge da carreira e recentemente em Estocolmo, sempre o mesmo, é talvez o exemplo maior.

Enfim, entendo que o homem de grandeza não deve se portar como entidade mesmo a representando, mas sim como ser humano. Os jogadores também devem se aproximar mais das pessoas que os idolatram. Não durante as baladas noturnas, mas na periferia, nas escolas, nos orfanatos. Aquele que é reverenciado pela popularidade, deve agradecer com carinho, devolvendo com a mesma intensidade. Independente da temperatura do seu humor.