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Não há bom juiz em causa própria. Isso todos nós sabemos. Na Batalha de Joinville, porém, a causa era de todos. Em jogo não estavam adversários, disputas ou rivalidades. Havia sim fatos e constatações claras para leigos e especialistas. Isso é, para qualquer cidadão ou cidadã com o mínimo de sensibilidade e bom senso. Os olhos do mundo já haviam condenado o brutal episódio. Aguardava-se somente a extensão das punições. Aliás, oportunidade única de o país mostrar para si e para o mundo, que a Batalha de Joinville fora a gota d’água para se implantar a tolerância zero.

Depois da sentença de ontem – 12 perdas de mando de jogo para um, e oito para outro –, Atlético e Vasco, alegando exagero do STJD, vão recorrer. O que é legítimo, diga-se. O resto do mundo, porém, que acompanhou a Batalha de Joinville pelos noticiários, também deveria recorrer pela sentença aplicada. Talvez à Corte Internacional de Haia... Foi mais um deboche.

Aliás, depois de meia pena aplicada, os portões se abrem aos torcedores. É uma espécie de prisão domiciliar por bom comportamento. No caso do Vasco, o mando deve ser em Brasília e com estádio cheio. O Atlético, em Paranaguá, da mesma forma. Nas partidas com portões fechados, entendo que o mais prudente seria permitir o acesso de mulheres e crianças. Entrada livre para dar graça e alegrar às partidas. Seguindo o exemplo da Turquia, que colocou 40 mil vozes infantis e femininas, num estádio que sofrera a mesma punição. Exemplo aos vândalos, mesmo sacrificando os varões de bom comportamento. Inocentes de tudo, porém, aqui nem elas – crianças e mulheres – poderão entrar. O STJD seguiu a cartilha ortodoxa. Que pena!

O ano de 2013 termina com uma série de perdas. No futebol, anjos, arcanjos e querubins de uma defesa abençoada por Deus e clássica por natureza, saíram para levar suas energias a outros campos vibratórios. Gilmar, Djalma Santos, De Sordi e Nilton Santos foram campeões mundiais. O estadista Nelson Mandela sorriu para a vida diante das maiores injustiças, mas lutou contra ela. Venceu. A morte o eterniza.

Assim como reverenciamos nossos ídolos que foram brilhantes, deveríamos também nos lembrar de mártires anônimos, sacrificados e esquecidos. No ano passado, André Scaramussa Lopes, torcedor do Atlético, 21 anos, foi atropelado e morto na saída do Ecoestádio. A passarela foi construída depois de sua morte. No mesmo ano, Diego Gonciero, 16 anos, torcedor do Paraná, foi assassinado com um tiro na cabeça. A Delegacia de Homicídios disse na ocasião que "briga de torcida é a linha de investigação que está sendo seguida" e que "os investigadores estão na rua para resolver o caso". Dois garotos no cemitério. Os responsáveis pelas mortes, direta ou indiretamente, continuam se divertindo pelos campos da impunidade. Que pena!

"Quem hesita em punir aumenta o número dos abusados".

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