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Hoje é sábado, dia de cortar o cabelo, engraxar os sapatos e tomar aperitivo no Stuart. Alguns passeiam com o cachorro; outros convidam a patroa e a sogra para almoçar em Santa Felicidade. Tudo faz parte do nosso cardápio convencional. É o prato preferido para este dia consagrado ao relaxamento.

Eu, entretanto, na contramão das convenções, hábitos, sei lá o quê, não tenho tais virtudes. Quan­­do muito tento, mas não há deus que me faça conseguir. Continuo socialmente incorreto. Mas entendo e respeito as regras do jogo.

Já nas priscas eras escolares, ouvia falar que sábado era o dia de tomar banho. Não sabia por quê, nem que vinha desde a Inquisição. Muito menos que era por uma questão religiosa entre cristãos e judeus. Meio xucro, teimava um pouco, principalmente no inverno, mas acabava cedendo. Lá ia eu para dentro da tina.

Sábado também – descobri no Co­­légio Estadual – era dia de cantar o hino antes das aulas. Creio que permanece até hoje em quase todos os graus de ensino, mas por lei. Na época era espontâneo. Lem­­bro que havia encanto e respeito. O regente era o maestro e compositor Bento Mussurunga. ‘Ao vivo e a cores’. Sem ufanismo barato, posso hoje dizer: que orgulho!

Creio que pelo menos em dois quesitos, hino e banho, obedeci a biruta e estive sempre a favor do vento. Como neste caso não se trata de convenções e sim de princípios – cívico e de higiene – permaneço fiel a eles e um tanto mais rigoroso. O banho, desculpe-me os franceses, é bem mais frequente (e não mais de tina) e o hino, se pudesse, acompanharia só em momentos solenes.

Não aceito que o Hino Nacional seja vulgarizado como acontece no campeonato regional. Impor sua execução antes de uma simples partida de futebol é no mínimo inconsequente. Enfiar goela abaixo o Hino do Paraná então, empanturra qualquer um.

Quarta-feira em Paranaguá a "organizada"local bradou seu canto de guerra em cima dos dois hinos. E assim tem sido na maioria dos estádios. Acaba banalizando aquilo que deveria ser solene. Talvez seja válido para finais de competições ou para jogos muito especiais. E olhe lá.

Há outras formas de despertar a cidadania. Além dos colégios, po­­de-se estender o conhecimento pa­­ra escolinhas e categorias de base, onde o futuro atleta, aí sim, já viria preparado. Quanto ao público, sem­­pre heterogêneo, já é uma ques­­tão cultural. Minutos antes de um jogo, nem Vanusa, a cantora do iê-iê-iê, vai conseguir ensinar a letra do Hino Nacional para alguns.

No caso do Hino do Paraná, por acaso de autoria do nosso professor Mussurunga, foi a Assembleia Legislativa quem criou uma lei. Aprovaram um projeto no qual estabelece que sua execução seja obrigatória em todos os jogos esportivos do estado. Já vai para lá de três anos. Dezenas de jogos. Milhares de minutos. Uma eternidade de desrespeito. Os autores das canções não merecem isso. A lei poderá ser revogada. Espero.

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