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Usando o clichê dos antigos locutores de rádio, começa hoje no país o chamado tríduo momesco. Pra variar, um novo carnaval com velhos temas, retratados nos trios elétricos da Bahia, em bonecos de Olinda e por fatos históricos no samba-enredo das escolas do Rio. Que mesmice!

Dizendo isso, posso até parecer um velho rabugento, do tipo que veste o pijama e vai pra caminha às sete da noite. Mas garanto que não sou. Não sou rabugento e, tampouco, galhofeiro. Pelo contrário, sempre me dei bem com a festa pagã. Mas com moderação. Mesmo nos tempos em que, sem alternativa, acotovelava-me na Rua XV pra ver a Sapolândia passar. Ou até desfilando – e ganhando com a Estácio de Sá – na Marquês de Sapucaí.

Voltando ao anêmico carnaval de rua da XV, e mais tarde da Marechal , serviam eles de insosso aperitivo para os grandes momentos que nos esperavam nos clubes. Meus favoritos sempre foram Thalia, Operário e Curitibano. Aliás, faço minha louvação para quem deve ser louvado – no caso, os presidentes Vieira Sibut, Mbá de Ferrante e Tatu. Tive momentos sublimes de alegria naqueles bailes.

Nos chamados grandes clubes ou nos bailes populares de Batelzinho e Operário, era só alegria. Moças de família ou não – dependendo do sentido que se queira dar a "família" – naquele transe eram todas iguais. "Vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é carnaval..." dizia o refrão de Zé Kéti. Isso nos clubes fechados e tidos como "familiares". Batelzinho e Opera-Rio nos remetia a Sodoma e Gomorra, ao som do enfático "Olha a cabeleira do Zezé". Orgia pura. Doce mesmice.

Pois então, entra ano, sai ano, e pouco ou quase nada se transforma. E a vida clamando por transformação. A vida é transformação. Não há evolução em nada que permaneça estagnado, embora algumas mudanças não sejam necessariamente saudáveis. Assim acontece com o carnaval, assim acontece com o futebol, assim acontece com tanta coisa importante.

Mas futebol e carnaval estão de certa forma associados. Na fantasia, na popularidade e na galhofa. Principalmente na galhofa, onde os arlequins se divertem sem causar a menor graça. Até parece que os foliões desse campeonato cheiraram lança-perfume. Entraram na roda, saracotearam e deram um show de incompetência. Clássico maior do estado, jogado para as cinzas de quarta-feira. Indefinições do local. Ofensas pra lá, beicinhos pra cá. Atropelamento e morte.

Finalmente agora, pra levantar a galera, dez da noite de sexta-feira...torcida única. Sai a torcida. Entra a torcida. Barra a torcida. É o Samba do Crioulo Doido II, versão filhotes do Pai Severiano. Capaz de endoidar até mesmo o imortal Stanislaw Ponte Preta, criador do original. Ou serei eu um ranzinza?

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