O golpe de 1964 está prestes a completar 50 anos. Na prática, o dia da tomada do poder pelos militares não foi 31 de março, mas sim primeiro de abril, justo no dia internacional da mentira. Foram 21 anos de ditadura, com acentuada repressão durante o governo Médici. Lembro-me de que trabalhava na época na rádio Independência, cujo departamento de jornalismo ficava no quinto andar do edifício ASA, junto com a redação do Última Hora. Como aquele jornal era oposição ao regime, não precisa dizer que a censura veio pesada e muita gente perdeu o emprego por causa do fechamento do veículo.

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Mas, como ouvi certa vez de Oscar Niemayer, todo ser humano tem pelo menos 20% de virtude, e a virtude (?) dos generais foi alegrar o povo com pão e circo. O Brasil entrou em êxtase ganhando a Copa de 70 no México. O tricampeonato mundial era o Prozac dos anos de chumbo. Foi durante um bom tempo a receita milagrosa para todos os males. "Todos vamos juntos, pra frente Brasil, salve a seleção...", cantarolavam.

Assim como nossos generais, Mussolini, Hitler, Videla, Stalin, Walter Ulbrich... também usaram o esporte para embriagar o povo. A Itália ganhou dois Mundiais, a Alemanha do Führer foi recordista de medalhas nos Jogos de 1936, a Argentina ganhou a Copa de 78, a União Soviética se tornou potência esportiva durante quatro décadas, e a Alemanha Oriental entrava voando nas competições esportivas. Pouco se sabia qual o método que usavam.

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Claro que as conquistas ficam eternizadas, os recordes imortalizam e o ranking potencializa. Mas o preço pago por tais "proezas" é um tanto cruel. A pergunta que fica é: vale a pena ganhar essa corrida da vida disparando pelo sendero luminoso das ditaduras? Penso que não. E o pecado maior é quando a força interfere no esporte e na política. Aliás, para fechar o assunto, lembro-me de uma frase pitoresca do general Olímpio Mourão Filho, que partiu com suas tropas de Minas para o Rio, contrariando ordens do futuro presidente Castelo Branco, e quase provocando uma guerra civil no país: "Em matéria de política, sou uma vaca fardada", disse o militar. Pois é, em matéria de esportes, também encontramos alguns ruminantes fardados comandando e dando ordens precipitadas até hoje.

Que sorte!

Que sorte a nossa, velhos amigos! Antes de ontem tivemos um reencontro de gerações que passaram pelo extinto Diário do Paraná. Não tenho espaço para nominar os 32 companheiros que lá estiveram, mas, por uma questão de cavalheirismo, externo meu carinho por rever a Marian, a Dirlene e a Cristiani. Tudo dentro de um ambiente agradável, sereno e de muito bom gosto. O pódio fica para o nosso mestre e organizador Luiz Renato Ribas, que merece a medalha de ouro.

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