Nesta semana com um veranico de março agradável a televisão prestou alguns serviços significantes de passado, presente e futuro. Na investigação e na arte.
O documentário Uma história inacabada, da entrevistadora Miriam Leitão, sobre a impunidade aos criminosos da ditadura militar, foi brilhante. Sem rancor ou revanchismo, apenas com dever profissional, a jornalista mexeu com precisão cirúrgica na ferida escancarada aos olhos da sociedade (digna) brasileira.
A prisão, tortura e sumiço do corpo do deputado federal Rubens Paiva já dura mais de 40 anos. Sem fazer justiça. A matéria é vigorosa. Contundente. Digna de reprise em horário nobre da televisão aberta.
Por outro lado, a telinha mostrou com alegria a essência de um Chico Buarque atual e atuante, como artista, escritor e cidadão. Assistindo, lembrei-me de tantas idas e vindas a São Paulo onde, nos bastidores da Record, entrevistava ícones da MPB como ele: Gal Costa, Edu Lobo, Sergio Endrigo, Geraldo Vandré e outras feras da época.
Em Chico que continua gente humilde jorra inspiração e tempo para falar de tudo, incluindo futebol.
E, para fechar o show da semana, Neymar e Messi barbarizaram. Aliás, quanto mais eu os vejo em especial Messi que está pronto e formado mais indecifrável fica qualquer tipo de referência sobre Pelé. Se Messi é insaciável, se a cada jogo joga mais e mais, se boa parte da imprensa mundial já o coloca no pódio dos deuses da bola, como seria descrito o Pelé de ontem jogando nos dias de hoje?
O que diriam os jornais da Espanha e do mundo se o futebol de Pelé em meados de 1965, quando tinha a idade atual de Messi, fosse ilustrado pela gigantesca máquina da comunicação atual? Jogando em gramados impecáveis. Com preparação física científica. Com chuteiras, camisas e bolas de alta tecnologia. Com câmeras de tevê por todos os ângulos. E com o massacrante poder do marketing de hoje?
Como seria possível qualificar um atleta que, com a idade atual de Messi, ganhou duas Copas do Mundo, dois Mundiais de Clubes, e que já havia marcado mais 750 gols sete deles em duas Copas (Messi fez um gol nos dois Mundiais que disputou)?
Que diriam nos dias de hoje de um campeão mundial aos 17 anos? E bi aos 22? Qual o tributo que se daria nos dias de hoje para um soldadinho da bola que, fardado de branco símbolo do Santos e da paz joga num país em plena guerra civil e consegue o armistício?
Em suma, para qualquer analista equilibrado, a arte extraordinária de Messi dificulta cada vez mais adjetivar Pelé.
Bem, fico por aqui. A semaninha televisiva foi recheada de coisas interessantes. Serviu para reflexão. Aproveito e rogo para que este final de semana também seja cheio de graça. Amém!
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