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Susana da Costa conhece os detalhes da Copa “curitibana” | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Susana da Costa conhece os detalhes da Copa “curitibana”| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

O longo processo de sete anos entre a escolha e a entrega da Arena da Baixada como estádio da Copa do Mundo de 2014 deixou poucos personagens capazes de contar a história de dentro do início ao fim. Um é Mario Celso Petraglia, presidente do Atlético. Outra, bem menos visível, mas tão importante quanto o dirigente, é Susana Lins Affonso da Costa.

Engenheira do Ippuc e servidora pública municipal desde 1992, ela é uma das peças-chave dos projetos de Curitiba para abrigar o torneio. Tanto aqueles que envolvem a Arena da Baixada quanto os de mobilidade urbana e infraestrutura da cidade. Foi a porta de entrada para um mundo até então desconhecido para Susana.

Até 2009, ela nunca havia entrado em um estádio de futebol. Estreou logo na área vip do lendário Ellis Park, em Johannesburgo, na Copa das Confederações, a convite da Fifa. Desde então, foram mais de 30 estádios visitados pelo mundo, alterações para adaptar o enlatado projeto da Fifa à realidade de Curitiba, a permanência em uma posição estratégica mesmo com a troca de grupo político do Palácio 29 de março e apreensão pela chegada do dia mais esperado, a abertura do estádio, ontem. "Foi um doutorado sem diploma", diz.

Depois de sete anos de envolvimento com o projeto, como foi a semana do primeiro teste?

Muita ansiedade que vem de longo tempo. Nem consegui dormir direito. Sempre na expectativa de terminar e sempre com desafios, acreditando que o projeto era viável. Feliz por ter chegado até aqui e tido a oportunidade de estar neste projeto internacional. Todos querem fazer parte da Copa e o estádio é a alavanca de todas as áreas envolvidas. Os últimos seis meses foram de trabalho árduo. Não tem horário, não tem dia, não tem feriado. Telefone bate, chega e-mail, não tem prazo, é sempre urgente. Foi uma dedicação além da conta, mas com gosto.

Em que momento você se envolveu com o projeto de Copa?

Em 2007, na primeira reunião, quando o ministro Orlando Silva apresentou o projeto da Copa no Brasil.

O ministro e muitas outras pessoas envolvidas em todo o Brasil ficaram pelo caminho. Sobrou mais alguém além de você?

Quando houve a primeira campanha eleitoral, em 2008, não teve muita mudança nas equipes. Na segunda, em 2010, mudou bastante. Dedicada ao projeto, devo ser uma das poucas desde o princípio.

Esteve em quantos estádios pelo mundo?

Pelo menos 20 estádios. Participei da Copa das Confederações e da Copa do Mundo da África do Sul, da Copa das Confederações do Brasil, visitei estádios na Europa… Talvez 30 estádios [risos].

Tinha trabalhado com futebol antes?

Nunca. Só sabia que no futebol se fazia gol. Nunca tinha assistido a um jogo no estádio. O primeiro foi na Copa das Confederações de 2009, Iraque x Nova Zelândia. Tenho o tíquete guardado.

Qual o momento mais complicado de toda essa operação?

O risco de exclusão no começo do ano. Sabíamos que tinha dificuldades, buscamos atender os requisitos do projeto. Uma engenharia dessas não é simples. O modelo adotado em Curitiba foi único no país. Não se pode dizer que atrasamos por incompetência, mas por ter escolhido um sistema complexo e viável.

Temeu pela exclusão?

Aprendi a conviver com esse nível de exigência e cobrança. Sempre fui confiante em face de todas as adversidades. Sempre achei que tinha saída, Curitiba precisa estar na Copa. Como uma cidade com toda essa organização como a nossa ficaria fora? Seria uma vergonha inadmissível.

Vai assistir aos jogos?

Vou àqueles que consegui comprar ingresso para mim e para a minha filha: Equador x Honduras e Irã x Nigéria. Não sei como vou me comportar. Certamente estarei nervosa, preocupada em checar a mobilidade fora do estádio, o funcionamento das coisas dentro.

E depois da Copa?

Dá um friozinho na barriga de pensar nisso. Trabalho desde 1992 na prefeitura, passei por várias secretarias. Mas deu aquele clic. Tenho expectativa de poder continuar trabalhando em grandes projetos, sejam de esporte ou de urbanismo. Essa [aponta para o estádio] é uma grande intervenção urbana.

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