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Hélio Cury, presidente da Federação Paranaense de Futebol: “Estava no momento certo” | André Rodrigues/ Gazeta do Povo
Hélio Cury, presidente da Federação Paranaense de Futebol: “Estava no momento certo”| Foto: André Rodrigues/ Gazeta do Povo

A eleição da CBF que começou sob a expectativa de um raro bate-chapa terminou com um enxuto bloco de oposição. Hélio Cury (Paraná) e Francisco Noveletto (Rio Grande do Sul) impediram a escolha unânime de Marco Polo Del Nero para suceder José Maria Marín, a partir de abril do ano que vem. Uma posição que deve ser mantida ao longo da administração, especialmente enquanto Del Nero não incorporar uma proposta de repasse financeiro às federações estaduais. Um dinheiro repartido com base no ranking da CBF, que as entidades estaduais repassariam integralmente aos clubes, mediante a apresentação de projetos. Enquanto não vê sua proposta nacional sair do papel, Cury segue desarmando as bombas dos 22 anos de Onaireves Moura à frente do futebol paranaense.

Ainda tem um ano para o Del Nero assumir. Acredita que até lá a proposta de repasse às federações será aceita?

Vai depender muito da movimentação das demais federações. Se todo mundo ficar passivo, dará a impressão de que todo mundo está satisfeito, exceção minha e do presidente da Federação Gaúcha. Vamos continuar insistindo, mostrando que é um caminho para ajudar tanto os pequenos quanto os grandes.

Então o senhor se coloca como oposição?

Aquilo que a CBF fizer corretamente, vamos aplaudir. O que acharmos que está errado, vamos criticar abertamente. A vice-presidência do Sul seria nossa no próximo mandato. Os vices recebem verba mensal de 10 mil reais. Seria bem cômodo ficar quieto e tomar posição com a situação, mas não é por isso que estamos aqui. Viemos para mudar o futebol paranaense.

Agora o senhor foi na contramão, mas logo após assumir, seguiu as outras federações e aceitou ter o mandato ampliado até a Copa de 2014. Foi a decisão correta?

Quando assumi para um mandato-tampão, no fim de 2007, já estava consumado que o Ricardo Teixeira e os presidentes de Federação teriam essa extensão de mandato. Ao ganhar a eleição, convoquei assembleia geral que aprovou por unanimidade [o Atlético de absteve na votação] aqui no Paraná também. Havia um temor de assumir outro presidente em cima da Copa e mudar tudo que havia sido feito.

Qual participação que o senhor teve na vinda da Copa?

A preocupação quando eu cheguei à Federação era que estávamos totalmente fora do projeto Copa pela lambança da administração anterior. Montamos comissão, fizemos reunião com o Ricardo Teixeira. Até quem era feio eu chamei de bonito. Combinamos entre as 12 federações que terão Copa ficar fora do processo. Se desse certo, o mérito não seria nosso. Se desse errado, estaríamos juntos. Então, melhor ficar no nosso lugar, que é cuidar da parte esportiva.

Essa participação pagou a extensão de mandato?

Não é questão de pagar extensão. Entrei no momento certo, na hora certa. Se não estivesse nesse momento de mudança, a Copa nem passaria por aqui.

A decisão da assembleia geral abriu o caminho para o senhor ficar 15 anos à frente da Federação. Isso não é traumático logo após o futebol sair de uma administração de 22 anos?

Não discordo, também tenho essa visão. Mas como vai botar em ordem 25 anos de baderna em três, quatro anos? Não tem condição. Uma Federação com 250 processos de todos os tipos. Onde a Federação passou, deixou rastro. Tem dívida até de compra de flores para a festa de 60 anos da Federação. Estamos com um processo contra o ex-presidente da Federação por prejuízo contra o futebol do Paraná.

O dinheiro dos leilões da sede e do Pinheirão é suficiente para quitar as dívidas?

Na nossa ideia, é para zerar, mas não dá para saber. Tentamos negociar juro e multa para que dê e fique algum dinheiro. Mas se sairmos zerados, estarei feliz da vida.

Tem alguma saudade do Pinheirão?

Era um sonho de todo o paranaense, mas no estágio que a história chegou, não tinha condições nem de chegar perto do estádio. A coisa estava carregada demais.

Ainda estoura muita bomba do Moura?

Tem uma grande que explodiu agora que eu não posso citar e temos de achar um caminho para resolver.

Encontrou o Moura alguma vez depois de assumir a Federação?

Nunca mais. Sei que ele está em Campinas. Mexe naquele ramo que ele sempre trabalhou... Sucata, ferro, né? Avestruz… [risos]

E se encontrasse, falaria o quê?

Quem deve cobrar dele não sou é, é a Justiça. Se ele faz o que fez aqui em um país sério, era 100 anos de cadeia. No Brasil quem faz trabalho sério é chamado até de burro. Ele criou todo esse problema para o futebol do Paraná. Estamos há cinco anos remando e o que aconteceu? Nada. E tem vários juízes reconhecendo que na época ele não tinha condições de pagamento, quase chorando. E você tem de engolir. O Pinheirão tinha sido leiloado por 11 milhões. Conseguimos adiar e vender por 57,5 milhões. Se deixasse por aquilo, acabou a história do futebol do Paraná.

Foi bom ter Londrina e Maringá decidindo a centésima edição do Campeonato Paranaense?

Foi, primeiro por ter sido uma conquista dentro de campo, sem mancha. São as duas maiores cidades do interior, os empresários locais voltaram a acreditar no futebol, os prefeitos se envolveram. Os problemas que tivemos no futebol paranaense afastaram todo mundo. Era só picareta deixando dívida em hotel, empresa de ônibus fugindo. Hoje, raramente tem acontecido isso. Criou-se um clima positivo.

Essa decisão indica que podemos ter no futuro um Paranaense menos dependente dos grandes, com eles entrando só na fase final?

Pode ser, mas quando se faz o arbitral, todos pedem turno e returno para enfrentar os grandes em casa.

Mas vale a pena jogar com o grande, mas em um calendário só de três meses?

Já tentamos analisar várias maneiras e tudo bate no problema financeiro. É difícil correr junto com o Brasileiro. O cara tem o pay-per-view em casa e pode tomar sua cerveja. Não vai para o estádio.

Então para a Federação, um campeonato maior, em que os grandes só entram no fim, traria prejuízo?

O dinheiro que arrecadamos com o campeonato foi devolvido em arbitragem. Fazer campeonato capenga, com time que não vai jogar, não adianta. O campeonato precisa ter começo, meio e fim. Se tivermos condições de organizar uma disputa de oito meses em que os grandes entram depois, não vejo problema nenhum. Desde que se ache uma forma de arrecadar.

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