O Barcelona entregará à seleção, para a Copa do Mundo, um Neymar melhor do que o que receberá em julho, logo após a Copa das Confederações. O atacante brasileiro estava aprisionado em um esquema tático que sugava o máximo dele sem dar nada em troca. Neymar jogava tudo individualmente para um Santos incapaz de lhe devolver um jogo coletivo.
Essa será a primeira mudança fundamental que Neymar irá encontrar no Barça. O clube espanhol tem um protagonista claro, Messi, e dois coadjuvantes que levam este termo a outro patamar, Xavi e Iniesta. Na melhor das hipóteses, Neymar se colocará abaixo destes três jogadores, o que é ótimo.
Não se exigirá de Neymar que ele carregue o time nas costas. A exigência será para que ele, a partir do lado esquerdo do ataque, onde se sente melhor, seja capaz de estabelecer uma relação de troca com o restante do time. O Barcelona dará a Neymar um jogo coletivo e exigirá que ele se encaixe nesse jogo. O individualismo será um recurso, não mais o único caminho para chegar às vitórias.
O peso menor de decidir será preponderante para a adaptação de Neymar. Outro fator crucial será o nível dos adversários. Na Liga Espanhola, apenas Real Madrid, Atlético de Madrid, Valencia e Athletic Bilbao têm aquilo que hoje se convencionou chamar de marcação europeia. Os demais, 15 times, com pouca variação, têm a velha e pouco científica marcação brasileira.
Na Liga dos Campeões, claro, a história é outra. Contra alemães, ingleses e italianos Neymar terá mais dificuldade para atacar. Precisará adaptar seu jogo. Mas não será uma mudança abrupta de cenário como se ele caísse direto na Premier League.
Neymar vai embora no momento propício. Esperar mais um ano para deixar o país barraria o seu crescimento. Neymar ficou maior do que o jogo que o futebol brasileiro poderia oferecer a ele.
O gramado da Vila
A exemplo do que aconteceu na reta final do Paranaense, o gramado da Vila Olímpica terá peso nas duas partidas marcadas para lá essa semana, Paraná x São Caetano e Atlético x Cruzeiro. O Paraná, que foi muito bom no ataque terrestre em João Pessoa, precisará tirar a bola do chão. Conseguiu isso contra o ABC com os lançamentos de Lúcio Flávio, mas em um momento em que o adversário saiu para o jogo e deu o contra-ataque. Não será assim com Azulão, time de zagueiros altos e marcação forte no meio.
O Atlético também terá de abrir mão da bola no chão contra o Cruzeiro. Assimilar as lições do seu sub-23 no Atletiba. Talvez Drubscky se force a usar Marcão para ter a segunda ponta da ligação direta defesa-ataque. Só não poderá seguir com a zaga em linha contra um time de contra-ataque forte e bons jogadores. Repetir esse erro será mortal.