Pauta-bomba virou um termo da moda no Brasil. Refere-se ao pacote de votações nada amistoso e muito oneroso que o Congresso armou após as eleições presidenciais. Obra de parlamentares em fim de mandato sem nada a perder e parlamentares com outro mandato para começar e muito a ganhar na barganha de emendas e cargos.
O futebol também tem a sua pauta-bomba. Armada pela cartolagem, ao decidir mandar um texto próprio da Lei Responsabilidade Fiscal do Esporte (LRFE), referendado pela CBF, depois de várias rodadas de negociação com os jogadores. Por trás do pacote também há uma mescla de gente sem nada a perder com outros que têm muito a ganhar.
Não só com barganha, mas com um texto que, na prática, muda pouco ou nada o futebol brasileiro. E qualquer um em sã consciência reconhece que é inviável manter o futebol brasileiro como está. Ou deveria reconhecer.
Obviamente os dirigentes vão dizer que o texto enviado pela CBF é um avanço, a chave para a mudança no futebol brasileiro. Balela.
Como falar em choque de gestão se os dirigentes pleiteiam que os inadimplentes só passem a pagar por isso em 2019, não em 2016? Como falar em democratizar o futebol se os cartolas se negam a ter atletas no colégio eleitoral de federações e da Confederação? Como confiar em gestões mais responsáveis se os dirigentes são contra a inelegibilidade pelo prazo que for de quem praticar gestão temerária? Como acreditar em fiscalização se a CBF não quer estipular prazo para o comitê responsável pela fiscalização passar a funcionar? Como acreditar na mudança se não houver limite de gastos com futebol?
Este último ponto, aliás, sintetiza como jogadores e clubes estão puxando a corda para lados opostos. Os jogadores defendem o limite de gastos com o futebol. O que, na prática, criará um teto salarial. Ou seja, fará eles, jogadores, ganharem menos. E os clubes, quem paga essa conta, são contra um limite de gastos com o futebol.
Ao expor todos estes pontos, o Bom Senso jogou para os deputados a decisão de escolher entre cartolas e atletas. Foi o único equívoco no posicionamento dos jogadores. Políticos e cartolas têm o mesmo DNA. E, no Brasil, dominam a mesma técnica de armar pautas-bomba.
Arrependimentos
A entrevista de Vagner Mancini para a ESPN, na terça-feira, deixou claro que não havia ambiente para ele continuar trabalhando para Mario Celso Petraglia. Ainda assim, difícil não olhar para o Botafogo x Atlético de amanhã sem imaginar como seria o Furacão com Mancini. O técnico certamente não estaria brigando pelo rebaixamento. E o Atlético, que só foi se achar com Claudinei, poderia, especialmente na Libertadores, ter vivido um ano bem mais feliz.
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