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O Coritiba contratou um psicólogo a um mês e meio do final de um Brasileirão em que luta contra o rebaixamento. Marquinhos Santos comemorou a chegada após o dolorido empate com o Grêmio. Avisou que o profissional já fez algumas análises individuais e coletivas dos jogadores, tem trabalho com o grupo programado para esta semana. O clube estava havia quase um ano sem um psicólogo.

Estes elementos combinados induzem a uma visão errada e ultrapassada. De que psicólogos são meros motivadores que chegam, dão um choque emocional no elenco, preparam vídeos comoventes e colhem ou não frutos em curtíssimo prazo. Uma psicologia de resultado frequente no futebol brasileiro.

O Coritiba garante que foi buscar em Maurício Pinto Marques o trabalho psicológico, não o motivacional. Ao menos não como prioridade. A ideia é iniciar um trabalho a partir de agora, com sequência muito além do 7 de dezembro e alcance maior que o elenco profissional. Se ajudar o time a assimilar o golpe de sair em desvantagem no placar ou a segurar melhor um marcador favorável, ótimo. É a esse efeito imediato que Marquinhos se refere, sem perder a perspectiva mais ampla do trabalho. Uma visão que ele tem, diferente de muitos outros treinadores.

O Coxa está sem psicólogo desde o fim do ano passado, quando Flávia Focaccia foi embora em meio ao choque motivacional capitaneado por Tcheco. O erro foi o Coritiba passar 2014 inteiro sem um psicólogo. Carimbou a visão de que psicólogo é acessório, não item obrigatório.

Um trabalho contínuo já teria identificado fraquezas e traçado estratégias para controlá-las. Ofereceria aos jogadores algo que é obrigação de um time profissional: suporte para lidar com as pressões, desafios e mudanças repentinas de rumo e humor tão próprias do futebol. "Frescura!", gritará o torcedor mais rústico. De jeito nenhum. Um jogador mais preparado para lidar com as mudanças de rumo da profissão e de uma partida está em mais condições de vencer um jogo e crescer profissionalmente. Combinação que, para os clubes, significa pontos na tabela e dinheiro em caixa.

Alex admitiu que foi ao divã para lidar com o delicado momento de encerrar a carreira. Um jogador consagrado, realizado profissionalmente, mentalmente acima da média da categoria. Imagine um garoto que acabou de subir ou ainda está na base. É nesse nível que o trabalho se torna mais necessário e tem maior efeito.

O Coritiba manteve ao longo do ano assistente social e pedagoga. Faltava o psicólogo para dar à base o suporte para lidar com a expectativa da família, do clube, dos amigos e dele próprio de dar certo na carreira. E o impacto de, do dia para a noite, para ser alguém reconhecido na rua e a carregar a esperança (e eventualmente a frustração) de uma massa de milhares de torcedores. É por aí que o trabalho do psicólogo deve ser avaliado. Não por salvar o time do rebaixamento.

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