É instintivo buscar na seleção campeã mundial de 2002 referências para o atual trabalho de Luiz Felipe Scolari. O próprio treinador estimula essa associação, ao introduzir várias de suas respostas com um "Em 2002...". Olhando para os jogadores e as possibilidades de organização da equipe, porém, é em outro time vencedor de Copa que está um espelho mais nítido do que Felipão pode montar para o Mundial do ano que vem: a seleção de 94, campeã com Parreira, atual coordenador técnico.
O time de Parreira venceu a Copa dos EUA baseado em dois pontos: a solidez de uma defesa experiente internacionalmente e a genialidade do seu ataque. Taffarel, Jorginho, Aldair, Márcio Santos, Branco, Mauro Silva e Dunga tinham carreiras consolidadas na Europa. Exceto Mauro Silva e Márcio Santos, com dois anos de exterior em 1994, os demais já atuavam fora do país desde o Mundial anterior.
O cenário é parecido com o da defesa atual. A zaga inteira e o volante Luiz Gustavo estão na Europa desde antes da Copa do Mundo de 2010. A exceção é Paulinho, ainda no Brasil, mas com dias contados para ingressar no futebol internacional. A bagagem europeia traz uma cultura tática evoluída, algo que Felipão admite ser difícil obter por aqui.
Essa evolução tática permite entender a necessidade de marcar de maneira mais sólida e compacta. É exatamente o que Felipão mais busca para a sua equipe. Armar uma defesa consistente o bastante para não ser vazada. E permitir que a segunda parte do plano, o brilho técnico ofensivo, entre em ação.
Parreira tinha Romário e Bebeto em 94. Romário não ganhou a Copa sozinho, mas foi espetacular e tinha um grande coadjuvante no ataque. Neymar é fora de série, mas ainda não tão espetacular como Romário. Pesam a pouca idade, a falta de experiência em Copa do Mundo e, acima de tudo, a ausência de um grande coadjuvante. Fred é um goleador. Oscar tem consciência tática assombrosa. Hulk conta com uma força física anormal. Os três juntos não dão um Bebeto de 94.
Derrota
Cobrir o protesto antes do Brasil x México de quarta-feira, em Fortaleza, me apresentou um contraste intrigante da relação entre o povo brasileiro e a Copa do Mundo de 2014. Nas manifestações, gente que gosta, sim, de saber que seu país receberá as melhores seleções do mundo, mas que ficaria orgulhosa de verdade se pudesse receber os visitantes em ruas seguras, em uma casa com saneamento básico, com a boa educação e a saúde em dia que o estado deveria garantir. A cinco quilômetros dali, no caminho do estádio, torcedores que provavelmente por esforço próprio conseguiram a segurança, a saúde, a educação e o saneamento que o estado fracassa em prover. Estão indo ao estádio usufruir de um prêmio por essas conquistas. Chamar um grupo de radical e o outro de alienado é igualmente errado. Se estão em lados tão opostos, é porque o país inteiro fracassou.
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