A necessidade é a melhor maneira de aproximar dois lados aparentemente inconciliáveis. A dificuldade em aumentar a receita fez Mario Celso Petraglia e Vilson Ribeiro de Andrade sentarem na mesma mesa na segunda-feira à noite, em São Paulo, para discutir ideias conjuntas para os clubes.
A primeira é o pedido de revisão nos percentuais de distribuição de dinheiro do pay-per-view. A reclamação é justa. O Paraná tem um poderio sócio-econômico maior do que a Bahia. Não faz sentido a dupla Atletiba vender menos do que a dupla Ba-Vi, mesmo que os baianos tenham um número maior de torcedores do que os paranaenses, pois a população é maior.
A administração de um clube de futebol virou muito por culpa dos próprios dirigentes um jogo de equilibrar pratos. O dinheiro que entra para tapar um buraco aqui deixa outro descoberto ali na frente. Os R$ 10 milhões que devem cair hoje na conta do Coritiba cobrem os atrasados, mas, por virem antes do tempo, automaticamente deixam uma lacuna a ser preenchida no orçamento do ano que vem. O Atlético acabará gastando com o estádio mais do que previa gastar. Assim, há três caminhos possíveis: 1) cortar gastos; 2) trazer dinheiro novo; 3) fazer dívida. Para poder ficar somente nos dois primeiros pontos, é preciso rever alguns conceitos.
Quando mudou sua política de comunicação, o Atlético pretendia não só eliminar intermediários entre o que desejava informar e o público, como também gerar receita. O fim da parceria com a Rádio CAP mostrou ao clube aquilo que quem é do ramo sabe bem: manter uma empresa ou núcleo de comunicação em pé não é fácil. Se quiser ter 40 mil sócios e eventos cheios na nova Arena, o Atlético precisa falar para mais gente. Só conseguirá isso estabelecendo um canal minimamente civilizado com a imprensa na qual Petraglia, de tempos em tempos, adora jogar pedra.
Amanhã, Marcelo Almeida diz se aceita ser presidente do Coritiba. Caso diga sim, Vilson desiste da reeleição e apoia o empresário. Vilson é um presidente sem chapa. O grupo coeso do qual ele fez parte lá em 2010 desfez-se pouco a pouco, à medida que o poder no clube foi se concentrando nas mãos dele e de Ximenes, até ficar apenas nas mãos dele.
Vilson consegue facilmente montar uma chapa de 160 nomes. O problema é achar quatro em condições de compor um G-5 forte, diverso e apto a encontrar soluções para o Coritiba. O grupo que convidou Marcelo Almeida tem gente de sobra para esse G-5 robusto. Também para um Deliberativo atuante.
E para atrair pacificamente as diferentes tribos políticas do Alto da Glória. É uma chapa sem presidente. Para Vilson, abrir caminho e colaborar para esse grupo assumir o clube resgata a aura de conciliador que ele tinha quando entrou no Coritiba. Também blinda o time do inevitável tiroteio político. Se cair, o Coxa perde um dinheiro que não tem para perder.
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