Foi um teste à capacidade de concentração assistir à estreia do Atlético no Paranaense. E, ao que tudo indica, será assim amanhã, contra o Operário, e em todas as partidas que o Furacão fizer sob o comando de Juan Ramón Carrasco.
A tentação é de chamar o uruguaio de professor Pardal, ainda mais quando algumas atitudes dão argumento para isso escalar o canhoto e grandalhão Nieto pela ponta direita e Marcinho de armador ou deslocar Paulo Baier para primeiro volante, por exemplo. Mas o que Carrasco exigiu dos seus jogadores foi uma fuga da mesmice que domina o futebol brasileiro. O Atlético trocou de desenho tático pelo menos três vezes durante a partida. Exceto o goleiro Rodolfo (aí já seria demais), todos exerceram pelo menos duas funções.
A necessidade de os jogadores serem versáteis, sobre a qual muitos de nós teorizamos, foi exigida na prática pelo treinador. Mesmo que o jogo tenha começado a ser decidido por dois lampejos individuais (o lançamento de Paulo Baier e a jogada de Ricardinho), foi a mutação diante de como a partida se apresentava que permitiu ao Atlético defender a vitória.
Ainda é cedo para dizer se as inovações de Carrasco se encerram no que foi visto domingo seria uma decepção. Também se ele sabe o limite entre inovação e invenção a escalação para o jogo com o Operário ajudará a encontrar essa resposta. E só mesmo com o tempo para descobrir se o trabalho do uruguaio levará o Atlético a algum lugar. Mas é interessante acompanhar a construção de algo novo no sempre rançoso futebol brasileiro. Carrasco merece crédito por isso.
Os 17 da Vila
A cena é uma espécie de marco zero do Paraná dentro de campo. Rubens Minelli sentado nas sociais da Vila Capanema e os elencos de Pinheiros e Colorado participando de um longo coletivo. A partir dali, Minelli selecionou o primeiro grupo de jogadores da história paranista. No calendário da nova equipe estariam a primeira divisão estadual e a terceira do Brasileiro.
Lembrei dessa passagem ontem, ao ver a relação de atletas que irá para a pré-temporada sob o comando de Ricardinho. O contingente é bem mais econômico, apenas 17 jogadores. Figuras folclóricas como Wellington Silva, o artilheiro dos gols gêmeos e do gol de mão; garotos que não explodiram, casos de Bruninho e Davies; novas apostas como Néverton; um francês de nascimento, Aymen, e outro de batismo, Fransuar. No horizonte estão as segundonas estadual e nacional.
É com este grupo de 17 jogadores que Ricardinho começa a reescrever a história paranista. Que ele tenha a mesma sorte e o poder de união que Rubens Minelli e o batalhão recrutado a partir do coletivo em que bocas-negras e pinheirenses levaram a fusão para dentro de campo.
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