O perfil oficial do Atlético no Twitter vociferou contra a arbitragem estadual e um suposto jogo de cartas marcadas para dar o título ao Coritiba. O estilo das tuitadas é idêntico ao dos petardos de até 140 caracteres que Petraglia costuma soltar. O dirigente disse não ter tuitado, o que nos permite quatro interpretações: 1) Petraglia, o presidente do clube, tem a senha do Twitter oficial e publicou as mensagens; 2) Algum funcionário da comunicação do Atlético arremedou o chefe; 3) O @petragliamc é mantido por um ghost writer, que resolveu se manifestar no perfil rubro-negro; 4) O computador ficou ligado, um primo de Petraglia estava perto e (como todo o primo de gente envolvida com o futebol) foi lá e tuitou bobagens.
O episódio expôs o Atlético e os seus torcedores ao ridículo. Ofende a história rubro-negra e a biografia do próprio Petraglia. Passa o atestado de que o clube tem um dono que manda em absolutamente tudo, das decisões sobre as obras do estádio às tuitadas depois de um clássico. Não há entidade que prospere assim no mundo de hoje. Ou você imagina Abílio Diniz, Marck Zuckerberg e Barack Obama atualizando as contas oficiais do Grupo Pão de Açúcar, do Facebook e da Casa Branca na internet?
Nem mesmo o futebol brasileiro tem mais espaço para o presidente-coronel, aquele que administra à base de bravatas e socos na mesa, que aponta o dedo para outros com a única finalidade de encobrir os seus erros, que busca o conflito permanente para posar de perseguido nas derrotas e herói nas vitórias. O Santos capitaliza ao máximo em cima da imagem de Neymar porque a sua diretoria toma decisões em parceria com executivos de mercado, ligados a empresa de faturamento bilionário. No Corinthians, mesmo o bronco Andrés Sanchez soube cercar-se de profissionais capazes de multiplicar a já robusta receita anual. No Atlético, o mesmo cartola que fez do clube um símbolo de modernidade hoje representa um tipo de dirigente do qual o futebol já percebeu que precisa se livrar para crescer.
Ano passado, Petraglia venceu a eleição prometendo um CAPGigante. Ainda é cedo para fazer uma avaliação mais concreta, mas até aqui, ele sufoca o Atlético a ponto de mantê-lo menor do que o próprio presidente. Uma inversão de valores. Por mais que já tenha feito e ainda faça pelo clube, ele continuará sendo minúsculo diante da instituição. Como os tuiteiros costumam dizer, a segunda era Petraglia está no caminho certo. Só que ao contrário.
1 + 1 = 2
Petraglia diz que essa é a última vez que o Atlético joga a sério o Paranaense. O Atlético tem uma equipe sub-23 na qual aproveita jogadores encostados e testa contratados de médio porte. Parece cada vez mais provável que esse time de aspirantes passe a defender o Rubro-Negro no Estadual. Em meio a tantas barbeiragens, essa é uma medida que, bem trabalhada, pode render bons frutos e ajudar o time principal a se preparar melhor para as grandes competições. Dá para confiar?
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