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O salto para o nada de Joel é hilariante. Merece ser visto e revisto várias vezes, pois garante risadas capazes de salvar qualquer dia ruim. Mas vale a pena prestar atenção no gol que leva à desastrada comemoração. A arrancada que deixa os zagueiros comendo poeira. A torturante redução de ritmo, que dá ao adversário a esperança de evitar o gol e aos torcedores, escolados por tantos caneludos vestindo a 9, a impressão de que a bola será cravada na cruz da igreja. Depois a pedalada, o drible e a finalização.

Joel deu argumentos suficientes para o torcedor acreditar que está diante de um grande centroavante. Mais do que seu bom desempenho na base ou na primeira temporada como profissional. Dois gols contra o São Paulo, sob o fogo da zona de rebaixamento, valem mais do que uma centena de bolas na rede contra times de garotos, no estadual e na Quarta Divisão nacional. Os próximos jogos darão a dimensão exata do tamanho do que Joel fez na quarta-feira e do papel que ele terá no Coritiba do último quadrimestre de 2014. O espaço de tempo tão específico é reflexo da maneira como o camaronês chegou ao Couto Pereira. Joel nem precisa desfazer todas as malas. Sabe que em dezembro colocará todas na esteira do aeroporto a caminho da Alemanha.

Ao aceitar ser barriga de aluguel, o Coritiba abriu mão de qualquer ganho a médio prazo com Joel. Receberá algo lá na frente, quando ele fizer outra transferência internacional e 5% for rateado entre os clubes que participaram da formação. Convenhamos, uma migalha.

Pelo modelo do negócio, a contabilidade da passagem de Joel precisará seguir uma lógica diferente. O ganho real maior é imediato. Os dois pontos que o camaronês ganhou para o Coritiba na quarta-feira são capazes de, lá frente, manter o time na Série A. Não cair significará ao Coxa não perder dinheiro e status com mais uma passagem pela Segunda Divisão nacional.

É pouco? É. Mas, no momento, é o caminho possível ao Coritiba. Adotar soluções de emergência que mantenham o clube onde está — e, ao mesmo tempo, construir uma base sólida para ter um 2015 mais seguro. Joel faz parte apenas da primeira parte. Então, que seja eterno enquanto dure.

Gol do Sheik

Emerson Sheik nunca foi um crítico assíduo da organização do futebol brasileiro. Chamou a CBF de vergonha porque o Botafogo foi prejudicado pela arbitragem. Um típico hábito brasileiro de só reagir quando a água bate no nariz. Aparte necessário, mas que não invalida a manifestação do atacante. A CBF é uma vergonha ao manter um quadro de arbitragem cada vez pior. É uma vergonha por interferir diretamente no andamento do seu principal campeonato ao permitir rodada em dia de jogo da seleção. Sheik será punido pelo STJD, mas, ainda assim, marcou um belo gol ao ser mais um jogador a apontar o dedo para a baderna do futebol nacional.

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