O Tribunal de Contas do Paraná teve um papel fundamental na operação Copa-2014. Ao botar o carimbo de "recurso público" nos créditos de potencial construtivo, trouxe para a luz todo o fluxo de dinheiro para a obra da Arena da Baixada. Apontou o dedo para os atrasos nas intervenções de mobilidade e na reforma do estádio, antecipou a saída de benfeitorias previstas para a cidade simplesmente porque era impossível que ficassem prontas a tempo. Exatamente por isso é decepcionante o silêncio do TC-PR no pós-Copa.
Fui vasculhar no site oficial do Tribunal a data dos últimos relatórios de fiscalização. Para o estádio, é de março. Para as obras de mobilidade, de junho. Já estamos em novembro, com a marcha no ponto morto que costuma ser abandonado só depois do Carnaval. Ou seja, a chance de ver em breve um novo balanço diminui diariamente.
Ficaram vários pontos sem resposta. Respostas que cabem ao Tribunal de Contas provocar. Do estádio, o principal é saber em quanto fechou a conta. Oficialmente, são R$ 330,7 milhões. Aumentou? É esse valor, chancelado pelo Tribunal de Contas, que permitirá dar sequência ao debate de como deve ser dividida a fatura final. Se vale a tese do Atlético, de fazer o acordo tripartite contar até o último centavo. Ou se vale a tese do poder público, de oferecer o potencial construtivo e sua valorização. É surreal que, quase cinco meses após o último jogo da Copa na cidade, ainda não se saiba quanto custou o estádio e exatamente quanto cada parte vai bancar.
Das obras de mobilidade, o relatório de junho trouxe um retrato mais próximo da realidade. Ao menos separava as que estariam concluídas a tempo daquelas que extrapolariam o período de realização da Copa. Falta uma atualização pós-Copa. Indicar o quanto cada obra concluída custou. O que ficou pronto e o que ficou pela metade daquelas parcialmente entregues. Buscar junto a governo do estado e prefeitura de Curitiba as novas condições de financiamento e prazos para as obras que foram transferidas do PAC da Copa para o PAC da Mobilidade.
Para quem se acostumou ao ritmo de um relatório a cada três meses (ou menos do que isso no pré-Copa), o vazio de cinco meses é decepcionante. Passa a péssima impressão de que o sucesso inegável do Mundial na cidade deu um cheque em branco a todos os entes envolvidos na operação. O trabalho feito ao longo de dois anos, especialmente pelos técnicos do Tribunal, me dá a segurança de dizer que é uma impressão errada. Mas o TC-PR precisa vir a público mostrar que não está inoperante. Especialmente porque é agora que começa o trabalho mais árido: zelar para que todo o dinheiro empenhado para construir a participação paranaense na Copa volte corretamente para o cofre do qual saiu. Não é hora de afrouxar a corda.
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