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A convocação de amanhã será a mais sem sal das últimas Copas. Felipão já confirmou oito nomes, dez são barbada e as dúvidas não despertam grandes debates. Rafinha ou Maicon? Victor ou Cavallieri? Filipe Luís ou Maxwell? Miranda ou Marquinhos ou Dedé ou Réver? Hernanes ou Robinho? Ninguém vai virar a noite no bar discutindo quem deve ir ou lamentando quem for esquecido por Felipão.

Não há um nome que desperte clamor popular como em Copas anteriores. Ronaldinho Gaúcho e Kaká não fazem nem sombra do que foi o apelo por Romário em 2002. Também não despontou nenhum novato como Neymar e Ganso, nomes de última hora que caíram no gosto da torcida, mas que Dunga deixou em casa em 2010.

É um retrato apurado do futebol brasileiro atual. Nenhuma grande revelação surgiu no país depois de Neymar. Quem esboçou seguir o mesmo caminho, como Lucas, queimou seus cartuchos na seleção, foi para a Europa e ainda não desenvolveu por lá.

Também chama atenção como os principais jogadores brasileiros chegarão à Copa após temporadas no máximo medianas. Neymar, o craque solitário, teve lampejos no Barcelona. Sofreu com contusões e a queda geral do Barça, o que também resvalou em Daniel Alves. Marcelo foi um mero coadjuvante em um Real Madrid que cresceu jogo após jogo. David Luiz foi zagueiro reserva e volante titular no Chelsea. Paulinho já é moeda de troca no Tottenham. Julio Cesar foi parar no Canadá. As exceções são Oscar, Thiago Silva e Hulk. Os dois primeiros, porém, não foram protagonistas em suas equipes; o último brilha em um time que lidera uma liga mediana da Europa.

Ao menos neste aspecto, as outras grandes seleções sofrem do mesmo problema. As equipes mais fortes receberão craques que vêm de temporadas irregulares. É assim com Messi e Agüero, na Argentina; Xavi e Iniesta, na Espanha; Schweinsteiger, na Alemanha; Balotelli, na Itália. Quem foi bem na temporada, é craque de seleção média (Cristiano Ronaldo), não vai para a Copa (Tevez) ou é coadjuvante em time grande (Di María). O ponto fora da curva talvez seja Pirlo, cérebro da Itália e protagonista da Juventus tricampeã italiana.

O efeito deste ano acidentado somente será medido na Copa. Ficar fora de parte da temporada dá a Messi e Neymar um descanso necessário para o Mundial. Pirlo virá ao Brasil com uma sobrecarga de jogos talvez elevada demais para seus 35 anos.

A perspectiva é de, mais uma vez, vermos uma Copa com um nível técnico bem inferior ao da temporada. Os grandes clubes europeus têm uma capacidade de atrair craques que nenhuma seleção de ponta tem. Os clubes ainda têm a favor o entrosamento e o ritmo de jogo. E as seleções, contra si o tiro curto da Copa, que induz treinadores a esquemas táticos medrosos. Para completar, muitos técnicos preferem levar para o Mundial homens de confiança a quem realmente está melhor. Será a única razão, por exemplo, para Felipão levar Réver e não Miranda. Mas se isso acontecer, sinceramente, não fará grande diferença.

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