Boa parte do caminho que levou o Coritiba ao título estadual invicto e ao quinto lugar no Brasileiro de 2003 foi aberto por cruzamentos de Tcheco e cabeceios de Marcel. Aquele time tinha uma sólida defesa, Adriano jogando muito pela lateral esquerda, Jackson no seu melhor momento no Alto da Glória, Lima despontando. Mas quando o jogo apertava, bastava arrumar uma bola parada para Tcheco lançá-la na cabeça de Marcel e, pronto, seus problemas acabavam.

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A lembrança daquele time é o que faz a volta do atacante ser bem recebida pela torcida, camuflando um aspecto fundamental na análise sobre a contratação do Tanque: já se passaram oito anos. Não significa que a contratação é ruim, mas que o Coritiba precisa saber qual Marcel está recebendo.

Ele rodou por dez clubes nestes oito anos. Deu certo pra valer no Grêmio de 2007... com Tcheco colocando bolas açucaradas na sua cabeça. Fracassou no São Paulo, no Cruzeiro e no Vasco, e no Santos perdeu a camisa 9 para Zé Love. Do Suwon Bluewings, seu primeiro e último clube entre a saída e a volta ao Alto da Glória, despediu-se dia 2 de julho. Fez um gol e deu uma assistência na vitória por 2 a 1 sobre o Pohang Steelers. Depois, dois meses sem uma par­­tida oficial.

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Marcel é um jogador em baixa, inativo há dois meses, que precisa de uma chance para se recuperar. Situação parecida com a de Tcheco no momento em que retornou ao Coxa. Oito anos mais velho, com a última temporada de alto nível em 2007, Tcheco reinventou o seu jogo e hoje é impossível imaginar o time do Coritiba sem o experiente armador.

Para Marcel, fica a indicação de que o reencontro com o bom futebol no Coritiba passa necessariamente por Tcheco. Não somente pelo pé direito que irá colocar a bola com precisão na sua cabeça. Mas pelo exemplo de quem, oito anos depois, soube como voltar a ser ídolo no Alto da Glória.

Moeda para o alto

A explicação do Atlético para a clausura do seu elenco é prioritariamente física: com o grupo inteiro reunido, Riva Carli poderá verificar a condição dos atletas e elaborar um plano para dar ao time o fôlego necessário para evitar o rebaixamento. É o método Riva, com eficiência comprovada inclusive na Baixada. Pode haver a justificativa não verbalizada de evitar excessos extracampo, embora seja fato que jogador vai pra balada na boa e na ruim e que eles têm direito à diversão tanto quanto você e eu.

Mas é difícil dissociar essa medida de um castigo pelos resultados ruins. E quando tem cara de castigo deixa de ser uma relação adulta. Ficar trancado no CT não vai fazer ninguém jogar melhor. Apenas criará um incômodo capaz de fazer o time jogar bem para se livrar da clausura ou afundar de vez. Mesmo sem essa intenção, o Atlético jogou uma moeda para o alto. Cara ou coroa?

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