O principal evento do mês no futebol paranaense será o Atletiba de Cinzas e a grande dúvida é onde será o jogo. Todo o impasse sobre a casa provisória do Atlético criou as condições para que tenhamos um clássico de torcida única. Petraglia já se manifestou inúmeras vezes a favor da ideia – não me recordo de ter ouvido Vilson Ribeiro de Andra­­de falar a respeito.

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Vamos aos fatos: o Couto Pe­­rei­­ra está fora de questão, salvo uma determinação da Justiça Despor­­ti­­va obrigando o aluguel. A Vila Ca­­panema saiu da jogada diante da desastrada intervenção da diretoria paranista via nota oficial. No Ecoestádio, solução adotada pelo Rubro-Negro para seguir atuando em Curitiba, nem precisa de muita argumentação para dizer que é in­­viável colocar duas torcidas ali.

A opção seria levar o clássico pa­­ra o interior. E um clássico no interior implica em duas torcidas na mesma estrada. Neste caso, duas torcidas na estrada na volta do fe­­riado de carnaval (pausa para aplaudir o autor da tabela). Auto­­ri­­dade nenhuma vai querer assumir a responsabilidade de por duas torcidas rivais em uma rodovia repleta de famílias voltando de viagem. Então, clássico com torcida única.

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A solução foi adotada em Minas Gerais. Entre 2004 e 2010, sete torcedores morreram em brigas em dia de Cruzeiro x Galo. Vejam bem: em dias de jogos, não no estádio em si. A diferenciação é necessária. Com raras exceções, as brigas não ocorrem no estádio, mas nos bairros. É assim em BH, é assim em Curi­­tiba, é assim em todo o lugar. O problema é de segurança pública e usa o futebol como cenário.

Aproveitar este impasse do mando do Atlético para experimentar o clássico com torcida única será um erro. Além de apenas maquiar um problema que extrapola o futebol, matará um dos principais aspectos que fazem o Atletiba – e qualquer clássico – um momento especial.

Retrocesso

A Federação marcou o arbitral da Sé­­rie Prata para o meio do mês, o que indica o início da competição para maio. Assim, o Paraná terá o calendário da Segundona estadual sobreposto ao da B nacional. Um absurdo que não se restringe ao futebol paranaense.

O Internacional estreou na primeira fase da Libertadores em um dia com o time A e no dia seguinte escalou os reservas para jogar pelo Gauchão. O Flamengo esteve em campo na quarta-feira pela Li­­ber­­ta­­do­­res, volta a jogar hoje e domingo pelo Carioca. O presidente do San­­­­tos, Luís Álvaro de Oliveira Ri­­beiro, diz já ter a promessa da CBF de um espaço no calendário entre os estaduais e o Brasileiro, a partir de 2013, para excursões dos times.

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Silenciosamente, o calendário brasileiro retrocede. Voltamos aos tempos de estaduais in­­chados, na­­cional espremido e equipes obrigadas a atuar dia sim, dia não, sem res­­peito aos atletas. Em um mo­­men­­­to de aparente saúde econômica do futebol brasileiro, clubes e federações lembram os garimpeiros da Serra Pelada, tentando ex­­plorar todo o ouro o mais rápido possível, sem pensar no futuro.

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