Já cobri algumas Copas do Mundo, já viajei bastante por aí com a seleção brasileira e, ainda assim, continuo não entendendo o que se passa na cabeça dos treinadores por ela responsáveis. Princi­­palmente em partidas amistosas como essa de ontem, entre Alemanha e Brasil.

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A impressão que se tem é a de estarmos sempre jogando por resultados, como se importante fosse "somar ponto" a cada nova apresentação. E, por conta disso, sacrificamos algumas alternativas de jogo em troca de uma suposta consistência de marcação, como se estivesse todo mundo correndo para tirar o pai da forca. O resultado imediato é o que conta, dane-se o planejamento – parece ser a palavra de ordem na rotina da comissão técnica nacional.

Tanto quanto seus antecessores, o técnico Mano Menezes repetiu ontem a fórmula de segurança, tentando priorizar a marcação ao preterir a escalação de Paulo Henrique Ganso no time titular. Optou pelo ex-atleticano Fer­­nandinho, que, pelo que me lembro, também não é dos melhores marcadores, para a função de fechar o lado direito da defesa. E a seleção brasileira, então, entrou gloriosamente na era dos três volantes, a exemplo do que ocorre com tantos times aqui pelo território nacional. Ralf, Fernandinho e Ramires à frente dos zagueiros é chamar chuva, é convidar o adversário a dançar na grande área.

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Foi justamente o que fez a Alemanha, pressionando o tempo todo no ataque e exagerando no tempo de posse de bola. Quando tínhamos uma sobra, nossos briosos volantes tratavam de devolver a bola para os adversários e começava tudo de novo, pois estes, despreocupados, com pouca gente para marcar, se mandavam para o ataque a todo instante.

E Ganso só entrou na metade do segundo tempo (essa é outra mania que os treinadores têm, de protelar ao máximo as substituições, como que a tentar provar que estão corretos na escalação do time). Se não foi brilhante, pelo menos cadenciou mais a saída de bola e exigiu mais atenção da marcação alemã, coincidindo com a recuperação da equipe em campo, no esboço de reação que só não se consolidou por causa do erro individual de André Santos (e Marcelo, do Real Madrid, vai continuar sendo castigado com a indiferença da comissão técnica?), oferecendo o terceiro gol aos anfitriões.

Pois a história registrou mais uma derrota de um time que entra em campo para se defender, sem ter know-how para isso – tanto que perdeu um jogo que talvez tivesse controlado com outra proposta tática mais condizente com nossos recursos de futebol. E que parece estar montado mais para marcar campanha imediata do que se preparar para os reais compromissos futuros, como a Olimpíada do ano que vem e a Copa de 2014.