Futebol tem mesmo algumas situações estranhas. Seria difícil explicar a quem chegasse ao acaso o que ocorria nas arquibancadas. De um lado, o torcedor de um time rebaixado comemorando uma vitória como se fosse um título. De outro, a tristeza de quem viu o time disputar as primeiras posições até a última rodada, depois de um ano de glórias e conquistas.

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Mas é o que constrói a rivalidade intensa, construindo situações que superam a lógica dos números ou resultados. Os atleticanos comemoraram porque já estavam praticamente rebaixados quando a rodada começou, apostando numa combinação de resultados que punha sob suspeita um possível favorecimento do Bahia ao Ceará – cortesia entre nordestinos – que não ocorreu. E foram surpreendidos pela esquisita elástica goleada de 6 a 1 do Cruzeiro sobre o Atlético-MG do paranaense Cuca.

O sofrimento maior já vinha se arrastando e teve seu ponto agudo na derrota da semana passada, para o América-MG. Era a queda anunciada e que ontem afastou boa parte dos sempre assíduos torcedores atleticanos à Baixada. Vencer o clássico, en­­tão, era o alento para, digamos, aliviar a dor.

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Dor que atingiu de chofre os torcedores do Coritiba, certos da vitória e da classificação à Copa Libertadores da América. Só que, mais uma vez, faltou exatamente o poder de decisão de uma equipe que teve uma temporada praticamente irrepreensível. Praticamente, devendo apenas o poder de fogo na linha de chegada.

Claro que a partir de hoje a história vai ser diferente. O Atlético vai cair na realidade de quem terá um calendário diferenciado para a próxima temporada, circulando pela primeira vez na Segunda Divisão nacional desde que se estabeleceram os pontos corridos. E o Coritiba vai estar quase pronto para manter o bom nível técnico nos desafios que virão em 2012.

Mas ontem, na Baixada, pelo menos por alguns instantes, os valores emocionais estavam invertidos. Coisas do futebol.

Eu ganhei, nós empatamos, eles perderam

Antônio Lopes tirou o dele da reta. O técnico do Atlético disse nada ter a ver com o rebaixamento do time na entrevista pós-jogo. Disse ter assumido o time já em dificuldade e que terminou o segundo turno em 15.º lugar e que a culpa da queda foi de seus antecessores.

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E se ele tivesse assumido com poucos jogos com o time campeão, também iria dizer nada ter a ver com o título? Sinceramente...

Ao contrário, lúcido e emocionado depoimento do capitão Paulo Baier, que já anunciou a permanência no clube com qualquer presidente eleito. Caiu com o Atlético e quer colaborar para subir novamente, entendendo ter cada um dos envolvidos no grupo de trabalho uma parcela de responsabilidade no resultado final.

Criticou alguns "que não se doaram" e também quem "abandonou o barco ao ver a situação difícil" – esta uma alfinetada direta no ex-técnico Renato Portaluppi, que pediu para sair quando viu a casa caindo.