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Está na cabeça das pessoas, faz parte da cultura do futebol brasileiro. Técnico bom precisa ter experiência, prega-se por aí. Mais do que isso: idade para impôr respeito aos jogadores. E se tiver sido jogador (e aí não importa se bom, craque ou medíocre), melhor ainda.

Por isso a roda gira quase sempre entre os mesmos. Sai um daqui e logo se emprega ali, onde quem saiu já está garantindo lugar num terceiro time. E assim por diante. Propor, oferecer um nome novo é risco certo de ser alvo de críticas e cobranças, tanto da torcida quanto da imprensa.

O Atlético teve muito disso, principalmente nas diferentes administrações de Mario Petraglia – ele, por si mesmo, um garimpeiro à busca de novos possíveis talentos. Não deu certo com a maioria, é verdade, talvez até pelo peso da exigência de resultados a curto prazo. Mas vem funcionando com Ricardo Drubscky. Quer dizer: vinha funcionando pelo menos até o ano passado, uma vez que o time titular ainda não estreou oficialmente na temporada 2013.

Enquanto na Europa uma renovação nesses cargos é vista como natural (ainda que Alex Ferguson esteja aí para desmentir), a ponto de o Barcelona entregar seu poderoso esquadrão ao então incipiente e inexperiente Pep Guardiola, no Brasil costuma ser um parto bancar novos nomes. Pior ainda em times grandes, com obrigações de títulos a cumprir.

Cláudio Coutinho, anos atrás, foi motivo de zombaria quando lançou suas teorias no comando do Flamengo. Até que o overlapping e o ponto futuro fossem assimilados, deglutidos e praticados também por outras agremiações. E que, por consequência, o levassem ao comando da seleção brasileira.

O Coritiba de hoje convive com as cobranças desde que Marquinhos Santos foi contratado em meio à crise técnica que ameaçava de rebaixamento a equipe no ano passado. Cobravam-se idade e experiência. Mas não experiência na base, por assim dizer, como se isso não contasse para o estabelecimento de conceitos e práticas.

Marquinhos superou o primeiro desafio e fechou a temporada com o time na Copa Sul-Americana. O que não foi suficiente para o fim das cobranças e dos questionamentos. Isto porque, ao contrário do modelo tradicional de treinador, que só muda escalação ou formação tática em caso de catástrofe, ele é irrequieto e não teme em mexer conforme a possibilidade de explorar esse ou aquele ponto do próximo adversário.

Mais ainda: mexe com a bola rolando, trocando jogadores de posição, como se estivesse manipulando peças de xadrez.

Diagnósticos de um técnico maduro, estudioso, bem mais ativo do que a maioria dos velhinhos com alta quilometragem no futebol nacional. Já foi campeão do turno. E vem mais por aí.

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