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Por mais que pouco conheça do Nacional, não hesito em apontar o favoritismo do Coritiba para a partida desta noite, no Alto da Glória. Isso simplesmente pelo fato de se tratar de um confronto entre um time da Primeira Divisão do futebol brasileiro contra um outro que está apenas na quarta divisão.

Mas também é sabido que favoritismo tem muito de teoria e que nem sempre se concretiza quando a bola começa a rolar. Exemplo maior foi a partida de ida desse confronto pela Copa do Brasil, quando, em Manaus, os amazonenses começaram a despejar gols até construírem um placar de 4 a 1 – que lhes dá razoável segurança para o embate de hoje.

E aí também vem à tona uma premissa sempre repetida em ocasiões como essa: vencer por três gols é uma coisa, precisar vencer por três gols é outra, bem distinta. Quer dizer: ao natural, pela diferença técnica entre as equipes, o Coritiba poderia tranquilamente construir um placar de 3 a 0 (ou até mais) contra o adversário que hoje se apresenta. Mas isso ao natural, descompromissado, deixando apenas a bola contar sua história dentro de campo.

E não é bem essa a situação do jogo em questão. Entrar em campo com a obrigação de fazer três gols (sem levar nenhum) é um peso muito grande. Mesmo contra um oponente não tão qualificado assim. É que o adversário principal passa a ser o próprio comportamento do grupo, são os próprios nervos, que precisam ser contidos, controlados para que trabalhem a favor e não se percam na ansiedade de precisar construir um resultado a qualquer custo.

Seja qual for o desfecho, será tudo muito difícil. E a lição que vai ficar é a que trata de cada evento como uma fonte isolada de informação. O mau rendimento do time em Manaus foi creditado, na ocasião, a dois fatores. Primeiro, a ressaca pela conquista do Estadual, pois o time viajou no dia seguinte (viagem longa e cansativa) à volta olímpica da vitória sobre o Atlético. Segundo, pela queda natural da adrenalina de um grupo que vinha todo concentrado na necessidade de chegar ao tetracampeonato. Quando a bola baixou já não foi mais possível reencontrar o equilíbrio e deu no que deu.

Para hoje o técnico Marquinhos Santos promete uma formação tática mais ofensiva. Terá de atacar, fazer pelo menos três gols e não se poderia esperar comportamento diferente. Resta saber se o time, lá dentro de campo, saberá transformar em prática tudo aquilo que vem sendo combinado durante a semana, pois não era esta a maneira costumeira de ele se apresentar.

E Santos, ainda que jovem, sabe que o mundo do futebol é cruel e que ele certamente não será perdoado se o Coritiba não souber sair desse enrosco no qual se meteu.

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