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Não tive como não me lembrar de meu amigo coxa-branca que há muito tempo me pergunta por que o Lucas Mendes saiu do time. Desde que ele saiu o Coritiba nunca mais foi o mesmo – argumenta veementemente.

Tem lá uma certa razão, pois, mesmo improvisado, ele dava consistência na marcação da zaga, muito exposta desde que o titular de fato, Eltinho, recuperou condições de jogo. E como ontem Eltinho abusou do direito de errar, falhando diretamente em dois gols do São Paulo, é mesmo de se perguntar de como teria sido o Coxa se a sobriedade da marcação de Lucas Mendes tivesse continuidade.

Eltinho desequilibrou a partida quando o Coritiba era melhor e levou o primeiro gol. Aí Davi, que também não vive seus melhores dias, provocou uma expulsão e dali em diante foi só sofrimento – pelo menos os gols de Rafinha e Bill amenizaram, embora tenham passado a certeza da decisiva interferência dos erros individuais no trabalho coletivo.

A carga do passado

Problema maior não é ter de vencer o Ceará. O problema mesmo do Atlético é conseguir passar por cima dos tantos detritos deixados pela péssima campanha nesse Campeonato Brasileiro. Danos que não sumiram com a boa vitória do sábado passado, contra o Botafogo, e que ainda devem infernizar o sono dos atleticanos, à espera de uma confirmação de melhores dias pela frente.

Hoje, por exemplo, numa situação normal, um empate em Fortaleza poderia ser recebido como bom resultado. O time do Ceará está bem na classificação, vem de bons resultados – duas vitórias em casa e dois empates fora – e é sempre perigoso quando atua no Estádio Presidente Var­­gas. Mesmo que já não seja mais o mesmo PV acanhado e opres­­sor de tempos atrás. Pelo contrário, estive lá com o Coritiba, pela Copa do Brasil e fiquei muito bem impressionado com os resultados de sua reconstrução, agora uma moderna praça de esportes. Mas a pressão da torcida continua a mesma, lotando a casa a cada nova partida.

Só que o Atlético não vive uma situação normal. E precisa, a todo custo, antes que fique tarde, recuperar o rumo de um clube que não se programou para ser último colocado. E, para tanto, precisa vencer e vencer, recuperar longe de Curi­­tiba os tantos pontos que desperdiçou jogando em casa e que hoje pesam para empurrar o time lá para baixo.

Vi pouco da vitória de sábado (estava retornando de Criciúma), mas assisti aos melhores momentos e soube do progresso no rendimento da equipe. E é isso que se aposta para a busca de melhor sorte em Fortaleza. A defesa parece estar estabilizada com a boa reestreia de Gustavo Lazzaretti, e o meio de campo ganha corpo e cri­­atividade com Marcinho. Como El Morro García decidiu começar a expor seu estoque de gols, já não é mais tão negro o horizonte atleticano.

Mas, ainda assim, o favoritismo do Ceará para esse confronto não deve ser desconsiderado. Só que agora, ao que parece, já dá para se acreditar na possibilidade de uma surpresa. O que é um alento para tanto sofrimento acumulado entre os rubro-negros.

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