Veja como são as coisas. Dia desses o Paraná es­­ta­­va alquebrado, encolhido, humilhado pelo rebaixamento à Segunda Divisão paranaense e com a pior das pers­­pectivas para o futuro breve. Se conseguir se salvar de novo rebaixamento no Campeonato Brasileiro deve levantar as mãos aos céus – foi o que muita gente disse.

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Pois agora os tricolores estão lamentando um empate com a Portuguesa, teoricamente um dos times mais fortes da Segunda Di­visão nacional. Para aquela equipe da ressaca do Estadual o empate deveria ser comemorado. Mas não foi bem assim, pois a bola rolando na terça-feira mostrou ter sido possível uma vitória tricolor, que só não veio por falta de ousadia, de se acreditar nas possibilidades de sucesso.

Com três minutos a Lusa teve um jogador expulso e com oito o Paraná fez o gol. O que pegou foi a inesperada alteração promovida pelo treinador ao perder o atacante Léo ainda no primeiro tempo. Fez entrar outro meia ciscador, pouco objetivo na frente, para se somar aos outros tantos dribladores que ali se apresentam, costuravam e nada resolviam. E lá na área, ninguém, apesar de Gian­­carlo, artilheiro do campeonato estadual, estar no banco.

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E aí, quando o Paraná também ficou com dez jogadores, no início do segundo tempo (com a irresponsável expulsão de Thiago Santos), a Portuguesa começou a crescer e a querer se impor. Porque o treinador, ao contrário de seu oponente, decidiu mandar o time para o ataque. Empatou o jogo e por pouco não venceu.

É bem possível que o resultado tenha servido de lição ao técnico paranista nesse início de retomada. Se esse time já não é mais aquele de antes, que tenha, também, novas atitudes para saber aproveitar seu potencial técnico, ainda que em fase de entrosamento das peças.

O chato

Ricardo Pinto pediu licença para desabafar e foi atendido. Não en­­tende como os outros treinadores do Paraná suportavam aquele cara chato, inconveniente, que fica todo o tempo atrás do banco tricolor esbravejando contra o técnico, seus reservas e os jogadores substituídos. "Melhor faria se fosse gritar pelo menos um pouco lá no banco adversário" – reclamou com razão.

Fosse eu não teria paciência, pois não consigo entender como um pretenso torcedor paranista consegue ir a campo em todo jogo só para ficar ali, desconcentrando o treinador. Não teria como alguém daqueles seguranças fortões, sutilmente, encostar nele e dizer um "você não percebe que não está agradando"? A alegação poderia ser a de que ele pagou ingresso e pode xingar à vontade.

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Não é bem assim, claro. Não já no primeiro minuto de jogo ou ainda antes de o árbitro apitar o início da partida. Aí é situação meio psicótica e alguma providência pode ser tomada pelo clube. Inimigo na própria trincheira não é boa coisa.

A final inédita

Agora a história é outra e o Coritiba é finalista da Copa do Brasil.

Poderia ter sido sofrido, mas foi bem mais tranquilo do que se poderia imaginar, apesar do placar apertado de 1x0. Porque dessa vez a marcação funcionou muito bem. E, mais do que isso, a roubada de bola, desconcertando os jogadores cearenses a todo instante, com os contra-ataques iniciados principalmente a partir das iniciativas de Rafinha.

E o que jogou Rafinha! Embora o time tenha todo se apresentado bem, ele foi o grande destaque dessa partida. Mais uma vez, quase uma redundância, pois tem sido assim em todas as apresentações recentes da equipe – mesmo naquelas três partidas consecutivas sem vitória, dias atrás. No lance do gol, tirou a bola do adversário ainda no campo de defesa e avançou até próximo da área para servir Anderson Aquino. Dali para o fundo da rede foi a consequência natural, no belo toque do atacante, bem ao seu estilo, sem força, com muito jeito.

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Pelo que havia jogado em Fortaleza o Coritiba já merecia chegar à final – lá, o goleiro Fernando Henrique tinha sido o melhor em campo. Ontem, sobrou no Alto da Glória e chega forte para decidir com o Vasco (que tirou uma vaga aparentemente certa do Avaí) o título da competição – pela primeira vez na história do futebol paranaense.

Com todos os méritos de uma das melhores equipes do país nesse início de temporada.