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Palavra que me esforcei para entender. Até pus no ar, na CBN, um porta-voz da Polícia Militar para tentar explicar as razões. Mas o fato é que não conseguia assimilar os argumentos que me foram expostos, recomendando a transferência de uma possível festa de conquista de título do Coritiba para o Alto da Glória. Sem direito a troféu nem volta olímpica na Baixada.

Ora, ora, festejar é o que ainda resta de bom no futebol. E meu interlocutor, na entrevista, só repetia um "é pensando na Copa do Mundo, estamos tentando prevenir". Prevenir o quê? Será que na avaliação da PM o curitibano é tão selvagem a ponto de não poder se submeter às orientações policiais em uma praça esportiva? "Imagine 18 mil torcedores chateados pela derrota em casa" – foi o que ele me disse. Sim, chateados, mas não malucos ou bélicos a ponto de invadirem o gramado para sairem agredindo todo mundo.

O parâmetro deve ter sido aquele triste episódio do Alto da Glória, quando a PM não planejou adequadamente as ações (fato reconhecido mais tarde por autoridades no assunto) e subestimou algumas ameaças antecipadas durante a semana que antecedeu a partida do Coritiba contra o Fluminense.

Claro que estamos apenas tergiversando sobre hipóteses, pois quem pode não apostar numa vitória do Atlético, por exemplo? Seria um resultado absolutamente normal, por tudo o que o histórico de um clássico dessa grandeza nos ensina.

Mas como foi a PM que levantou o assunto, não era de se passar ao largo. Um bom aparato de segurança garantiria, sim, a entrega do troféu ao ali justo campeão. E quem poderia impedir a volta olímpica dos jogadores, uma natural explosão de alegria daqueles que gramaram por rodadas e rodadas até chegar ao ponto máximo? Restava saber se haveria alguma recomendação aos artilheiros coxas. Algo assim como "façam o gol, mas não comemorem, pois pode soar como provocação. Deixem para comemorar, socar o ar somente quando chegarem ao Alto da Glória".

E, naquela linha de pensamento, se um dos nossos um dia decidisse o título brasileiro aqui, como seria? Coxa x Grê­­mio, sei lá, no Alto da Glória. Atlé­­tico x Cruzeiro, imagine, na Baixada. Haveria também a recomendação para a CBF entregar o troféu somente em Porto Alegre ou Belo Horizonte, na volta das delegações, para evitar o mau comportamento dos curitibanos?

Mais ainda – e agora exagerando para chegarmos à noção do absurdo –, na Copa do Mun­do. Por razões outras, Brasil e Argen­­tina decidiriam o título em Curitiba. E a Fifa recomenda­ria aos argentinos recato total em caso de campeões, prometendo que o troféu seria entregue após a volta olímpica no Mo­numental de Nuñez.

Felizmente nada disso se concretizou e o quadro se reverteu à tarde. Graças à grita da imprensa, à pronta e pontual ação do presidente da FPF, Hélio Cury, e à compreensão dos clubes, que entendem ser tudo isso não mais do que futebol.

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