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Renato Gaúcho pode vir e fazer barulho. Mas não caberá a ele resolver as coisas do Atlético. Já não é lá essas coisas como treinador, está mais para bombeiro, para resolver as coisas em curto prazo, na base do "vamos lá, vamos dar tudo" como instrução motivacional à saída do vestiário. Talvez faça mesmo alguma vo­­zearia, chame os jogadores para jogarem por ele e por si próprios. Talvez mostre que os malandros da madrugada não fazem nem vento ao furor que ele representava como aproveitador da noite e das mulheres que gravitam em torno do futebol. Talvez tanta coisa, menos a certeza de estarem ali, na comissão técnica, os problemas do clube.

Poderia ter vindo Parreira, Scolari, Muricy e a situação permaneceria na mesma sinuca. O que se reflete em campo são as flagrantes dificuldades de gestão lá de fora e que a cada dia mais se fecham em torno de um beco sem saída. O presidente Marcos Malucelli está cada vez mais só. Ainda mais agora que perdeu a companhia e o apoio de Enio Fornea e Yára Eisenbach, os dois pilares mais significativos de sua administração.

O Atlético não precisa contratar um técnico a cada dois meses nem trocar de jogadores na prateleira a todo instante. Precisa, sim, é de paz. De convivência civilizada entre as partes divergentes, as alas antagônicas dentro do clube. Por mais que se odeiem e queiram ver a caveira (nada a ver com a torcida organizada) um do outro.

Tornou-se de tal forma grave a sobrevivência rubro-negra, que a saída mais viável é um desarmamento geral. De Ma­­lucelli e os poucos que ainda o seguem, de um lado. E de Mário Celso Petraglia e seus seguidores, de outro. Porque, imagino, todos eles desejam o bem do clube e não acredito na hipótese de atleticano poder torcer contra só para tirar proveito de um estado de pior a pior.

A formalização de um entendimento agora permitiria união de energia positiva e acabaria com o clima hostil que paira no ar das coisas rubro-negras. Por mais que os caminhos continuem divergentes e de objetivos distintos, uma trégua daria fôlego a um enfermo que já apresenta dificuldade para respirar e pode sofrer ainda mais. Haveria um basta nas entrevistas pesadas e acusatórias de ambos os lados, tirando o foco positivo que deveria nortear os caminhos de todos sob o mesmo objetivo de imaginar o melhor.

E lá na frente, quando chegar a data da eleição, que se peguem de novo, aí cada um defendendo seus interesses e suas plataformas e não mais colocando-os acima dos interesses do Atlético como instituição.

Na história recente do clube há lembranças de como as coisas podem funcionar na divergência civilizada. No time campeão brasileiro, por exemplo, as cabeças coroadas da época (Marcus Coelho, Petraglia, Adur, For­­nea...) tinham profundas diferenças e seriíssimas discussões. Quebravam o pau às portas fechadas, mas o que saía dali era uma decisão de consenso, com o calar dos votos vencidos.

Paz, em outras palavras. Pelo menos oficialmente.

E por que não agora?

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