Em 12 de agosto de 1984 declaravam-se encerrados os Jogos Olímpicos de Los Angeles. Três décadas em que as lembranças mais recorrentes são as quatro medalhas de ouro no atletismo de Carl Lewis e o sofrimento da suíça Gabrielle Andersen completamente exausta ao final da primeira disputa da maratona feminina. Nada que relacione o Brasil.
Como próximos anfitriões, em 2016, cabe não deixar passar a data em branco. Há quem diga que conhecer a própria História é essencial para entender o presente e evitar equívocos futuros. Então, comecemos lembrando que foi em Los Angeles que o Brasil ganhou sua primeira medalha de ouro em provas de pista no atletismo. Em 6 de agosto de 1984, Joaquim Cruz venceu os 800 metros livre. Hoje ele é dono ainda da quinta melhor marca mundial da prova (1min41s77) enquanto o atletismo nacional não tem nenhum nome de destaque em provas de pista. Três décadas de retrocesso.
Os Jogos de Los Angeles foram os primeiros a serem financiados sem verba governamental, apoiando-se em patrocínio, e custaram, à época, US$ 223 milhões (R$ 507,8 milhões pela cotação atual) e serviu de modelo para as edições seguintes. Mais ou menos. Os Jogos cariocas estão orçados, atualmente, em R$ 6,5 bilhões, sendo 65% vindo da esfera privada e aproximadamente R$ 2,3 bilhões, dos cofres públicos.
No caso do Rio, não há como não se preocupar que todo esse investimento não se transforme em desperdício (caso do Velódromo do Pan, que chegará a quatro anos sem uso). Se à primeira leitura a frase anterior parece exagero, um caso recente tira todo o excesso: amanhã faz dez anos do início dos Jogos de Atenas. Procure fotos na internet dos locais de provas usados em 2004. Vai achar ruínas geradas em apenas uma década.
A arena onde o paranaense Emanuel conquistou a medalha de ouro no vôlei de praia em 2004 hoje emana a desolação de um cenário de faroeste. A piscina em que Michael Phelps começou a assombrar o mundo, conquistando 6 das suas 18 medalhas de ouro em Olimpíadas, está cheia de lixo e água da chuva.
Os Jogos de 1984 deixaram uma herança para o esporte brasileiro. Por linhas tortas, é verdade, ampliaram a participação feminina. Isso porque União Soviética e outros 14 países do bloco socialista fortes concorrentes a muitos pódios não mandaram delegações, em resposta ao boicote norte-americano aos Jogos de Moscou-1980. Assim, as brasileiras ganharam vagas em disputas para as quais, caso contrário, não teriam índice. Foi o caso do vôlei feminino, hoje bicampeão olímpico. Também favoreceu os homens: inegável que os desfalques internacionais tenham aberto caminho a "Geração de Prata" de Bernardinho e cia.
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