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Passei cinco dias em Foz do Iguaçu para acompanhar o X Games. A maior competição de esportes radicais do mundo desembarcou no Brasil com toda a estrutura que já tornou o evento consagrado nos Estados Unidos. O último dia de competições, o domingo, me chamou um pouco mais de atenção.

Passei os dias na terra das Cataratas "mergulhado" nas disputas que estavam acontecendo. Eram skates e bicicletas de um lado, motos voando do outro, poeira de rali na cara. Enfim, o que se espera de uma disputa radical.

No domingão pela manhã, antes de ir para o Parque Infraero (local da maioria das competições), voltei a olhar um pouco para o nosso nobre futebol. Li as matérias sobre o Atletiba que iria rolar, os preparativos do Londrina que enfrentaria o Jotinha. Era dia de decisão no Paranaense. Aliás, era dia de decisão (finalmente!) em vários estaduais que estavam prestes a definir equipes classificadas para as fases finais.

Depois da atualização futebolística, no caminho para o X Games, imaginei que encontraria algumas pessoas com as camisas de Atlético e Coritiba no dia do clássico. Nada. Já dentro do local dos jogos, até tentei puxar assunto sobre a partida com alguns. Fiquei no vácuo. Só faltaram me perguntar: "Atletiba, o que é isso?"

Aí você, leitor, pode pensar: mas no Oeste do estado ninguém torce para os times do Paraná. Ok. A dupla Atletiba não é tão popular por lá mesmo, mas no X Games ninguém é na verdade. Nada de camisetas de Grêmio, Internacional, Corinthians, Palmeiras, São Paulo ou Flamengo.

A "Olimpíada radical", como é conhecida, é praticamente um mundo paralelo. Possui uma legião de fãs, jovens em grande parte, e quase todos bem entendidos dos esportes radicais: conhecem os difíceis nomes das manobras, vibram com os movimentos mais ousados e complicados dos atletas e elegem seus ídolos. Ninguém quer saber da bola, da gorduchinha, da Jabulani, da Cafusa (sim, queridos, esse é o nome da bola da Copa das Confederações).

O X Games em Foz foi ótimo para fortalecer essa cultura dos esportes de ação no Brasil. No entanto, o efeito de se levar o evento para fora dos Estados Unidos – além de Foz, teremos em 2013 novas edições em Barcelona (ESP) e Munique (ALE) – vai além de fidelizar ainda mais quem já é fã.

Os X Games extras vão despertar a curiosidade, apresentar estes esportes para muitos que nunca viram algo do tipo. São os leigos que podem ficar interessados e entrar para a turma dos fanáticos pelos esportes radicais. A expansão global dos jogos tem esse objetivo.

Voltei para Curitiba e meus ouvidos já estranharam um pouco. Nada de ouvir falar em 360º, backside ollie 720, frontside boardslide, bodyvarial. Aliás, quem ganhou o Atletiba mesmo? Até esqueci do clássico.

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