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Ainda faltam dez dias para o início das disputas dos Jogos de Londres e já começam as dúvidas sobre a Olimpíada seguinte, no Rio, com lógicas ilógicas e contas que não fecham. Menos de dez dias após o encontro festivo entre o presidente do Comitê Organizador Local dos Jogos Olímpicos (Locog), Carlos Arthur Nuzman, e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, para lançar a pedra fundamental das obras do Parque Olímpico, os atritos entre as duas entidades começam a aparecer.

Neste final de semana, Paes manifestou-se contrário à demolição do Velódromo da Barra da Tijuca, anunciada pela Empresa Olímpica Municipal (EOM). Afinal, a obra custou R$ 14 milhões, foi usada no Pan do Rio, em 2007, e ficou subutilizada após o evento.

O prefeito está certo quanto a se pensar em não demolir todo o trabalho feito, justo agora que o local tem um time treinando, a equipe Caloi/LiveWright de ciclismo. O velódromo ainda recebeu um incremento de R$ 450 mil com a inauguração do Centro de Treinamento da Ginástica, há três meses. Tudo isso já se sabendo que a estrutura estava fadada a ir ao chão. Dá para entender?

Incompreensível é a manifestação tardia de Paes: no dossiê de candidatura do Rio, documento publicado em 2009, consta que o Velódromo Olímpico terá capacidade para 5 mil pessoas (o atual comporta 1,5 mil) e custo total de 39,6 milhões dólares (algo em torno de R$ 79 milhões), com início da construção previsto para o ano que vem.

Mais enigmático ainda é o porquê de se construir uma estrutura para o Pan com tão curto prazo de validade. O velódromo do Rio é invejável apenas aos demais espalhados pelo país, a começar por ser o único coberto. Porém, comparado ao que se exige para competições de alto nível, bem... é um belo local para treinos. O velódromo de Londres, por exemplo, deixaria a pista carioca enrubescida: o Velopark custou R$ 330 milhões, comporta 7 mil pessoas, com atenção total para a pista, inclinada em exatos 42.º nos pontos mais íngremes, em madeira de pinheiros siberianos, tudo para conferir mais velocidade.

O velódromo carioca tem duas colunas centrais que dificultam o acompanhamento das provas e nasceu como um verdadeiro elefante branco. O diretor executivo da Live Wright, Luis Rezende, comenta que já sabia da possiblidade de transferir o time. O plano A, diz, é mudar a pista para outro lugar da cidade, o que levaria de seis a oito semanas. O plano B, uma mudança provisória para outra cidade: São Paulo, quem sabe? Já as ginastas ainda não sabem para onde transferir a casa recém-inaugurada. E nós não fazemos ideia de quanto, na prática, o Rio 2016 vai custar.

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