Lionel Messi é um homem de poucas palavras. Quando a Argentina não joga como ele gostaria, ele se expressa através de seu corpo. Para de correr, recebe passes praticamente sem se mover e raramente reage depois de perder uma bola. Contra o Irã, ele percorreu menos de 7,7 quilômetros, distância inferior à de qualquer outro jogador em campo. Ou seja, ele se desliga da situação e se concentra apenas em buscar oportunidades.
Pessoas próximas dizem que Messi está obcecado em fazer desta Copa seu grande momento. Se quer entrar no panteão encabeçado por Pelé e Maradona, precisa ter sucesso neste mês. Hoje ele completa 27 anos. Está no seu auge.
A primeira vez que vi Messi foi uma tarde de 2005 na cidade holandesa de Utrecht. A Argentina estava enfrentando a Nigéria de Jon Obi Mikel na final da Copa do Mundo Sub-20 e seu centroavante era um garoto com o cabelo em pé; ele parecia uma daquelas crianças que participa de um concurso para ganhar a oportunidade de acompanhar a seleção de seu país por um dia. Claro que acabou fazendo os dois gols da Argentina. O olheiro do Chelsea, Piet de Visser, sentado ao meu lado na arquibancada, murmurou: "Maradona...".
A Argentina veio para esta Copa equipada com uma defesa que parece ter saído da segunda divisão inglesa e exibindo apenas uma estratégia: fazer Messi feliz. Quando o presidente da federação argentina de futebol, o octogenário Julio Grondona, apareceu em um treino, a primeira coisa que ele fez foi dar a Messi um abraço. O treinador Alejandro Sabella fez de Messi o capitão e agora exalta tudo o que ele faz. Como Messi não fala, Sabela sonda Angel di María e Sergio Agüero, que são seus confidentes desde a adolescência. Quando se soube que Messi queria Gago e Gonzalo Higuaín na equipe para melhorar o pesado sistema de passes argentino, Sabela obedeceu.
Mas mesmo a seleção argentina reformada para atender aos desejos de Messi não é boa suficiente para ele. Seus companheiros são muito lentos. Nenhuma seleção nesta Copa é invencível. O campeão mundial será inevitavelmente uma equipe com falhas e, sendo assim, pode até ser a Argentina.
Tradução: Marleth Silva
Dê sua opinião
O que você achou da coluna de hoje? Deixe seu comentário e participe do debate.
Deixe sua opinião