Várias vezes, entrevistando dirigentes de hoje e de ontem, ouvi o mesmo diagnóstico: "Não se faz futebol sem dinheiro". Isso é verdade, mas merece um adendo meu: não se faz futebol sem dinheiro bem gasto. Claro que sem dinheiro é difícil levar uma equipe à glória, mas são bem comuns os casos de fracassos milionários. O Chelsea e sua rotatividade de técnicos está aí para servir de exemplo negativo.
Essa máxima pode ser aplicada no Campeonato Paranaense. As quatro equipes de fora de Curitiba mais bem colocadas na classificação geral, as mais fortes pela briga pela final do interior e até pelo título do turno, se destacam assim: podem não ter nem de longe o dinheiro da dupla Atletiba, mas estão à frente da maioria dos pares.
O Cianorte e o Arapongas têm aproveitamento de campeão caso jogassem um campeonato de pontos corridos equilibrado, mas não é o caso do nosso Estadual. O Leão do Vale é o claro caso de uma sequência de trabalho com recursos bem aplicados, especialmente do ramo do vestuário. A máxima do trabalho do time é exemplificada por Adir Kist, ex-goleiro da própria equipe, que virou gerente de futebol assim que pendurou as chuteiras. "Temos de pensar como
o Coritiba e gastar como o Cianorte". A filosofia fez o time de Paulo Turra ficar a uma unha do título do 1.º turno.
Tinha um Arapongas no meio do caminho na última rodada. O Alviverde do Norte é o principal rival do Cianorte pelo posto de melhor do interior e tem 100% de aproveitamento no 2.º turno. A receita é a mesma de 2011, só que aprimorada.
Naquela oportunidade, o time quase foi para a final do interior. O forte apoio da indústria moveleira da cidade, que tem 100 mil habitantes, e a aposta em nomes de fora do cenário estadual na equipe transformou o Arapongão num time difícil de bater. Estava sumido do cenário estadual há décadas, agora começa a ser temido.
O Toledo tem o caminho oposto do Arapongas na montagem do time: apostou em nomes locais e não tem tantos recursos. De uma crise há dois anos, quando caiu e quase foi vendido, o Porco subiu e apostou numa base sólida. Pode ter reencontrado a fórmula que o fez ter destaque no Estadual misturando garotos e gente que conhece os atalhos. Foi uma evolução lenta na competição, mas é mais um que entrou na briga.
Quem vem com força e promete complicar os adversários é o Londrina. É um misto dos outros três times: mesclou gente conhecida com algumas caras diferentes. Conta também com bons recursos. Depois de um 1.º turno irregular, fez duas partidas sólidas contra Atlético e Paranavaí. Na primeira, o Tubarão foi um trator quase o tempo inteiro. Na segunda, definiu e administrou. Tem um elenco de respeito e é minha aposta para ser o desafiante no 2.º turno aos times da capital. Chega a lembrar um pouco aquele de 1992: chegou de mansinho e foi abocanhando os adversários na reta final.