Acanhado, avesso ao marketing pessoal, cabelo feito no corte simples à máquina três, Rivaldo pendurou as chuteiras no sábado. Além de exuberante futebol, o ex-camisa 10, aos 41 anos, 24 deles utilizando o calibrado pé esquerdo, deixa um golaço contra o chamado ‘perfil ideal’.

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Marcado pela timidez, o pernambucano superou com talento as regras impostas por um mundo cada vez mais individualista, exibicionista e vaidoso. Não foi nem vestígio disso – e tornou-se um dos grandes. Deve ser lembrado como um craque que venceu exclusivamente pelo talento. Ninguém o ama pelo carisma, por exemplo – aliás, pela estrondosa carreira construída, poucas pessoas o amam.

Longe de ter a imagem idealizada para um ídolo, raramente ele é requisitado para comerciais ou programas de tevê. Talvez por isso, anunciou a aposentadoria em uma simples nota, sem badalação alguma, entrevista coletiva ou participação exclusiva no Fantástico.

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Recebeu da Fifa o prêmio de melhor do mundo em 1999, também vestiu a camisa 10 da seleção em duas Copas, assim mesmo era visto com ressalvas por quem confunde o ser acanhado como apático.

Só mesmo um fora de série conseguiria chegar tão longe sem o layout padrão. E a lição do meia canhoto vale para outros segmentos. As exigências modernas atropelam pessoas talentosas e introspectivas. A lógica vale, para ficar em dois exemplos além do esporte, às salas de aula e ao mundo corporativo.

Pais querem filhos que exerçam liderança, sejam vistos como audaciosos e competitivos. Procuram então escolas que prometem forjar tais instintos. O mercado de trabalho, não muito diferente, descarta a sintonia fina entre as avaliações de rendimento e o ritmo dos mais discretos. Quem fala pouco, evita exposição gratuita, é enquadrado como ‘apenas mais um’.

Duvida? Durante o tempo que esteve em campo, Rivaldo foi criticado justamente por omissão, falta de liderança e até preguiça para vestir a camisa da seleção. Não contratou um media training, porém seguiu trabalhando, alguns raros desabafos e basta: deixa algumas das melhores imagens que o futebol produziu nos últimos 20 anos.

Rivaldo deixa também uma das biografias mais instigantes do futebol. Poderia ser definido como o menino humilde que sonhava em ser um craque – e não uma estrela. Conseguiu. Hoje os garotos sonham em ser astro – e, se for possível, também craque. O ex-10 deixa esse exemplo para as extravagâncias e atropelos de hoje. Fenômeno que jamais bateu no peito para dizer ‘sou f...’. E se ele nunca fez tal gesto, quem pode?

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Fale em bom português

Não é necessariamente uma notícia ruim, pelo contrário, trata-se de mais uma mentira que vem à tona. Ao contrário do que se pregava, a Copa do Mundo não terá uma enxurrada de turistas estrangeiros gastando dólares no país. Quase 80% dos torcedores com ingressos são brasileiros.

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