Dizem que alguns "hobbies" ou passatempos são como cachaça: difícil largar. Futebol é um deles. Futebol é a cachaça de muita gente. Quem gosta do entretenimento com a bola, seja amador ou profissional, só abandona o vício se tiver uma grande decepção ou impedimento grave.
Dirigentes, cronistas e torcedores de futebol são acometidos pelo mal 24 horas por dia. Dormem e acordam pensando no time, na classificação, cai ou não cai de divisão, sobe para a principal, aquele jogador vai render ou não afinal, e por aí segue.
É uma paixão que bate mais no fígado do que no coração. Dói perder uma partida. É um frenesi histérico vencer um adversário difícil. Os detalhes da nova camisa de seu time faz o viciado esquecer de todo o resto. Uma semana inteira sem jogo é uma abstinência torturante.
No entanto, apesar de todo sofrimento que o vício pode causar, lá estarão eles de novo no estádio ansiosos pelo apito inicial de uma nova partida.
Mesmo quando as coisas não vão bem, há sempre uma saída, um remédio, uma solução, muitas vezes delirantes, febris, bêbadas; raras vezes racional e lógica.
Por que pensei nisso? Talvez depois de ter lido as entrevistas de Marcos Malucelli e Aramis Tissot, para esta Gazeta do Povo, e matérias sobre os problemas financeiros do Paraná.
O vice-presidente tricolor Tissot, campeoníssimo, apaixonado e otimista, falou. Aurival Correia, homem das finanças da Vila, calou-se.
Lúcido, Malucelli ratificou o que todo mundo já sabe há tempos. Nada de novo embaixo do frio curitibano, apenas que vem aumentando dia a dia, segundo o presidente rubro-negro, o valor para a conclusão da Arena da Baixada para uso da Fifa.
MM garante que Curitiba e o estado do Paraná é quem irá lucrar com a Copa por aqui; o Atlético não ganharia muito com isso, até porque não é prioridade a conclusão do estádio para já. É uma bebida forte para ser degustada em doses mínimas.
Aramis Tissot convoca a torcida tricolor a lotar a Vila Capanema no clássico Paratiba. Sóbrio, sem nenhum trago, alfineta a torcida: "Se nós liberássemos a Vila para eles [torcida do Coritiba], eles iriam lotar. Temos de provar então que nosso torcedor também é fiel. Eu preciso de 10 mil paranistas na Vila", disse Aramis, um dos fundadores do clube.
Todo este papo é pura cachaça futebolística. E a saideira vem do copo alviverde: o angolano Geraldo, decisivo no título do Estadual e com contrato de cinco anos, pode escapar das mãos do Coxa e espatifar no chão, como aconteceu com Ariel.
Garçom, mais uma dose...
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