Enquanto isso, Ronaldinho, o gaúcho, suspenso pelo sexto cartão amarelo, exibia em camarote do Engenhão uma pequena fortuna em penduricalhos nos pulsos, orelhas, pescoço e sabe-se lá onde mais.
E enquanto reluziam seus pingentes, espoucavam flashes de tietes em sua cara. E enquanto isso acontecia, Ronaldinho via seu Flamengo no gramado perder, de forma humilhante, a longa invencibilidade que ajudou a construir, e logo para o modesto Atlético-GO. O Rubro-Negro carioca mostrou dependência física e química do dentuço. O time, na verdade, gostaria mesmo é de estar com ele no camarote, tirando fotos, não jogando contra um time inexpressivo, para 7 mil gatos pingados.
Enquanto isso, outro Ronaldinho, ex-Ronaldinho, depois Ronaldo e atual "Ronalducho", ex-fenômeno da bola e cada vez mais fenômeno do negócio da bola, curtia o sol quente de Ibiza, na Espanha. Nesta época do ano o sol carioca não fica à altura do cash do futuro empresário mais rico do futebol brasileiro.
E enquanto Ronaldo bronzeava suas costas largas e cintura de "rei do gado", paparazzis o fotografavam tomando suco e, mais discreto que seu xará do Mengo, não usava nenhum balangandã, apenas um óculos caro pendurado no nariz e orelhas.
Enquanto isso, enquanto os Ronaldos desfrutavam de seu milionário sucesso, Zé Elias, ex-volante corintiano e ex-parceiro de Ronalducho na Inter de Milão, era solto depois de um mês em cana por não pagar pensão a rebentos.
Do xadrez Elias foi direto para um programa sensacionalista de tevê choramingar o sofrimento dos 30 longos dias trancafiado, em companhia de gente muito carente e doente, diferente dele. Deveria ser diferente de Zé, depois de prestar tantos anos de serviços ao bem-remunerado futebol de elite. Mas não, são iguais ao Zé, também não pagaram pensão.
Zé Elias da Fiel disse que as leis para garantir a pensão dos descendentes são injustas. A prisão dos pais só piora as coisas. E pede às "otoridades" que repensem no caso dos pais que não pagam pensão: "A gente cobra da sociedade a estrutura familiar, mas a lei pune justamente essa estrutura. A lei tira o pai da família por 30 dias, sem poder trabalhar, sem poder ter a dignidade de levar a comida para casa. Faço um alerta para o governador e para o prefeito. A lei tem de existir, mas a forma de cobrança deveria ser mudada, talvez fazer um trabalho voluntário".
Zé Elias não quer pagar pensão. Mesmo tendo sido reduzida para dois salários mínimos. Quer encher a barriga das crianças com trabalho voluntário. Zé Elias para deputado! Para mudar essa lei espúria. Zé Elias no Congresso Nacional!
Enquanto isso, Ronaldinho e Ronalducho posam para mais umas fotos, ao mesmo tempo em que chacoalham o ouro acumulado com serviços prestados ao futebol de elite...