Escrevo do Rio, aqui fazendo não sei bem o quê depois descubro. Quase não consegui sair de Curitiba, por conta do nevoeiro denso da manhã de ontem. Todos os voos atrasados, muitos deles cancelados, sobretudo os que deveriam partir de Porto Alegre e Floripa. A fumaça do tal vulcão chileno sequestrou os céus do Sul. Como meu avião veio de Brasília, ele só teve de esperar a bruma costumeira de Curitiba se dissipar para pousar tranquilo na pista do Afonso Pena, colher seus passageiros e logo em seguida ganhar as nuvens novamente.
Chegando ao centro do Rio, um congestionamento incomum, absurdo. Quase desembarquei do ônibus executivo do aeroporto do Galeão e fui a pé até o hotel, em Copacabana. Muito longe, calculei rápido. Melhor esperar para ver o que acontecia. Alcançando a Avenida Rio Branco, ali estava: a "onda vermelha", como eles chamam os protestos dos bombeiros, tomava meia pista da via.
O governador Sérgio Cabral já havia tentado apagar o incêndio, concedendo um reajuste desejável pela categoria, além de criar a Secretaria de Defesa Civil, desvinculando os bombeiros da Secretaria da Saúde o que pareceu bem adequado. Porém os "vermelhos" só fecham acordo se forem anistiados seus 439 colegas presos em Niterói pela invasão ao quartel da corporação, o que iniciou todo o perereco.
Os homens dos salvamentos sempre quis ser salva-vidas na orla carioca anexaram simpatia das policias Civil, Militar e agentes penitenciários (que também receberão o mesmo aumento salarial), além da população, que parece apoiar qualquer coisa, contanto que tenha ar condicionado.
Depois de, enfim, largar a mala (mochila, na verdade) no hotel, fui esticar as pernas pelas ruas ao redor. As bancas de revistas exibiam pôsteres do Vasco campeão da Copa do Brasil. Comprei alguns jornais não o pôster, por supuesto e subi ao quarto.
Lembrei que o Coxa chega aqui neste sábado para o jogo contra o Botafogo, no Engenhão, domingo. E o Flamengo vai à Baixada dar com o Atlético, também no domingo. Isso tudo depois dos três jogos seguidos que o Alviverde teve de fazer com o Vasco, sendo o último a finalíssima da melhor não lembrar.
Diante deste histórico recente, suspeito que os cariocas andam pegando demais em nossos pés ou chuteiras.
Fui comer um sanduíche de pernil em uma boa lanchonete, servido por um garçom que vestia camisa do Vasco por baixo do avental. Perguntei-lhe se havia visto o jogo. "Claro. Um jogão. Vaxxxcão campeão".
Ele percebeu meu sotaque leite-quente: "É de onde?". "Curitiba". "Coxa-branca?". "Sempre que joga contra vocês".
Poderia assinar esta coluna com algo como "Tiago Recchia, enviado não especial e não autorizado ao Rio de Janeiro.