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Qual é o comportamento de um atleta antes de um jogo importante? É variável. Cada um tem seu jeito. Garrincha não sabia nem o nome da outra seleção. Eu, pelo contrário, ficava tenso, pensava no jogo e não dormia bem.

No vestiário, antes de entrar em campo, a maioria dos jogadores tem um ritual. Uns beijam a medalhinha dez vezes (não pode ser 9 ou 11). Gerson ia para o canto para fumar. Era mais vício que ritual. Pelé deitava e fechava os olhos. Ninguém podia incomodar a fera. Ninguém sabia se ele dormia, sonhava, se pensava no gol que faria ou apenas descansava.

O estádio está lotado e faz muito menos frio que no primeiro jogo. Vesti tantas roupas, que sinto até calor.

Vai começar o jogo. Todos os jogadores estão perfilados, cada um em sua posição. Luis Fernando Verissimo está logo atrás de mim e, nesse momento, lembrei de uma de suas belas crônicas. Ele dizia que esse é o momento de glória dos técnicos, com os jogadores nas posições que foram desenhadas na prancheta. Ele completa: "Quando a bola começa a rolar, todos os jogadores não param de correr, para o desespero dos treinadores".

A bola já rolou. Como se esperava, quando o Brasil pegava a bola, a Costa do Marfim colocava nove jogadores em seu campo. Um jogador de cada lado impedia os avanços dos laterais brasileiros. Parecia que o jogo ia ser difícil. Não foi. Nada melhor que um belo lance para sair um gol, uma troca de passes entre Robinho, Luís Fabiano e Kaká e uma perfeita finalização de Luís Fabiano.

Logo no início do segundo tempo, um gol antológico de Luís Fabiano, apesar de a bola ter tocado em seu braço. O terceiro, de Elano, saiu de mais uma bela jogada individual de Kaká, pela esquerda, como gosta. Drogba, depois de perder um gol, fez o seu, do jeito que também gosta, de cabeça.

A Costa do Marfim, como todo time africano, sabe se posicionar defensivamente, procura fazer as jogadas certas, mas, no final, dá errado. Faltam técnica, talento e alma. São seleções burocráticas e frias. Os técnicos europeus tiraram a alma do futebol africano. E, no final, ainda apelaram para a violência. Kaká não merecia ser expulso.

Luís Fabiano foi o craque do jogo. Todos os outros foram bem. Apenas Gilberto Silva e Michel Bastos foram discretos. Foi a melhor atuação de uma seleção na Copa.

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