O passe de Neymar para André fazer o segundo gol do Santos contra o São Paulo foi ao estilo dos melhores passes de Ronaldinho. Em um pequeno espaço, com a bola colada aos pés, com o marcador à sua frente, com medo de desarmá-lo e de levar o drible, Neymar, meio de bico, meio de trivela, fez a bola contornar os zagueiros para chegar aos pés de André. Ma­­gistral.

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Mas o melhor do jogo foi Her­­nanes, não apenas pelo talento, como também pelo enorme espaço que tinha na intermediária do Santos para driblar e/ou finalizar de fora da área. Assim saiu um gol e poderiam ter ocorrido outros.

Os zagueiros do Santos marcam muito atrás, como quase todos os zagueiros que atuam no Brasil, e os atacantes, muito na frente. Fica um vazio no meio de campo, para o adversário trocar passes. É isso, e não a escalação de apenas um volante, a principal razão da defesa ficar desprotegida.

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Assim como não é sempre necessário um time ter vários atacantes para fazer muitos gols, não é preciso, obrigatoriamente, ter vários volantes para marcar bem.

Dorival Júnior e outros treinadores brasileiros deveriam prestar mais atenção na maneira de jogar do Barcelona. A distância entre o defensor mais recuado e o atacante mais adiantado não costuma ser maior que a metade de um campo.

Por outro lado, aumentam os espaços nas costas dos zagueiros para os lançamentos. Para atenuar esse problema, o goleiro Valdéz joga mais adiantado, e os zagueiros Puyol e Piquet são rápidos e eficientes. O Bar­­ce­­lona, que anos atrás era muito vulnerável, sofre hoje poucos gols, sem perder a força ofensiva.

Repito, pela milésima vez, que o Barcelona não é o time que tem a maior posse de bola do mundo somente porque toca muito e bem a bola. É também porque recupera a bola com facilidade. O time marca muito e é bastante ofensivo. Faz isso há muito tempo. Só agora descobriram o óbvio.

Dos times brasileiros, o Corin­­thians é o mais compacto, que deixa menos espaços entre os três setores para o adversário trocar passes. Mas o time não marca regularmente por pressão, como faz o Barcelona. São os meias e os atacantes que recuam para iniciar a marcação mais atrás.

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Um jovem comentarista disse que Messi reúne a habilidade dos craques do passado com a objetividade dos craques do presente. Essa é uma visão distorcida. Todos os verdadeiros craques, do passado e do presente, cada um com seu estilo, são ta­­len­­tosos e objetivos. Se o jogador for apenas habilidoso, será craque da bola, e não craque do jogo. Messi é o grande craque da bola e do jogo.

Baixarias

Ao falar sobre as negociatas entre clubes e CBF para eleger o presidente do Clube dos 13, Be­­luzzo, presidente do Pal­­meiras, que apoiou Fábio Koff, eleito, disse: "Nunca vi tanta baixaria como nesse mundo do futebol".

É a mesma baixaria que existe entre muitos políticos, partidos e governantes. Essa baixaria tem tudo a ver também com a falta de civilidade de parte da sociedade e com a tragédia no Rio, anunciada, pelas condições geográficas e desumanas em que vivem muitas pessoas.

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