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As palavras de Dunga, e também de Jorginho, estão cada dia mais parecidas com as das pessoas superconservadoras, "patriotas" e com as dos motivadores de autoajuda, com seus discursos repetitivos e óbvios, como se existisse uma regra, um perfil, um manual para ser vencedor. Para manter a coe­­rência, Dun­­ga não convocou Adri­­a­­no, que não joga bem e não tem tido comportamento profissional. Será que foi correto? Não sei.

Como se esperava, Ronaldinho, Ganso e Neymar ficaram de fora. Eu convocaria Ganso e Ronaldi­­nho. Não levaria Neymar porque é jovem e franzino, e sim porque há excelentes e experientes jogadores em sua posição. Prefiro Tardelli a Nilmar e Grafite.

Prefiro Daniel Alves a Elano, para fazer a mesma função, como já mostrou que sabe fazer, ou para atuar mais adiantado, pela direita, em uma linha de três meias (Daniel Alves, Kaká e Robinho), além de Luís Fabiano. É a moda na Europa. No esquema atual, Elano joga em uma posição bem diferente da de Robinho.

O Brasil já está definido, na estratégia, no esquema tático e praticamente na escalação. Não gosto de seleções prontas com antecedência. As grandes seleções são as que se tornam grandes du­­rante a competição. Surpreen­­dem e encantam.

Não torce nem é justo

O Cruzeiro, por ter um estilo le­­ve, envolvente e ofensivo, costuma ganhar, fazer muitos gols e encantar quando enfrenta adver­­sários muito mais fracos. Já o São Paulo, por ter um estilo pe­­sado e amarrado, tem grandes dificuldades para vencer times muito piores.

Isso não significa que o Cru­­zeiro é o grande favorito. Não se pode confundir estilos mais ou menos encantadores com eficiência. O Cruzeiro é apenas um pouco melhor que o São Paulo. Serão jogos equilibrados. O Santos tem também muito mais chances que o Grêmio de golear adversários mais fracos. Mas, por isso, não posso de­­duzir que o Santos é muito superior ao Grêmio e que é o grande fa­­vorito para se classificar na Copa do Brasil. Serão jogos equilibrados.

O Santos precisa aprender a se defender bem, com um ou dois volantes. Para melhorar a defesa, é necessário diminuir os espaços entre meio de campo, defesa e ataque, não permitir que os laterais do outro time avancem livres e exigir que os atacantes dificultem a saída de bola da defesa para o ataque. É preciso ainda pressionar quem está com a bola, e não apenas ficar por perto.

O Chelsea e, principalmen­­te, o Barcelona jogam mais bo­­nito e são melhores que a Inter. Porém, não houve zebra nas eliminações dos dois times. Em jogos mata-mata, a diferença técnica deixa de ser expressiva.

A Espanha joga um futebol mais encantador que o Brasil, é um pouco melhor, o que não significa que seja favorita em um jogo decisivo. Existem gran­­des jogadores e grandes times, vencedores, com vários estilos. Há várias maneiras de ganhar e de perder. Prefiro a que dá também espetáculo. Futebol não é só resultado, como pensa Dunga. Além disso, em jogos equilibrados, o imponderável tem uma grande participação. O im­­ponderável não torce nem é justo. Acontece.

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